Por
Vitor
Franceschini
Anunnaki
– Mensageiros do Vento, um projeto ousado que traz uma Ópera Rock como trilha
sonora de um desenho animado contando uma lenda (ou não?). É disso que se trata
a nova empreitada dos irmãos Fabrício Barretto e Fabio Shiva, que já integraram
o Imago Mortis. Para destrincharmos esse projeto ousado, conversamos com
Fabrício, que dirigiu e compôs a trilha do filme. Confira abaixo.
Primeiramente
da onde e como surgiu a ideia de produzir uma Opera Rock com um desenho
animado? E como vocês chegaram ao tema inspirado nos estudos de Zecharia
Sitchin?
Fabrício:
Sempre fomos fascinados por culturas antigas e seus mistérios. Cada civilização
teve uma época de descoberta e fascínio e foi tema de várias deliberações entre
mim e meu irmão Fabio (Shiva - baixo). Os gregos, Os incas e maias, o
Mahabharata da Índia… Até que chegamos nos sumérios e no trabalho do Sitchin. A
história e seus desdobramentos nos impactaram muito e daí veio a vontade de
contar isso através da música. Sempre fomos também muito fãs do formato Ópera
Rock.
Aliás,
vocês chegaram a pensar em outros temas? Se sim, por que decidiram por escolher
este das tabuletas sumérias?
Fabrício:
A ideia de fazer um trabalho musical aliado a vídeos em animação é bem antiga e
já passou por várias reformulações até chegar ao Anunnaki. Já fazíamos shows
temáticos com projeções de vídeo desde o início da banda e queríamos fazer algo
autoral também nesse formato. Chegamos a escrever alguns roteiros, fazer testes
de animação, mas de certa forma sentíamos que estava faltando alguma coisa.
Quando travamos contato com a epopeia dos Anunnaki, sabíamos que seria um tema
perfeito para isso.
E
como vocês conheceram estas histórias? Há tempos vocês acompanhavam elas ou a
estudaram exclusivamente para compor “Anunnaki: Mensageiros do Vento”?
Fabrício:
Se me lembro bem, foi um amigo nosso no Rio de Janeiro quem primeiro comentou
conosco sobre os Anunnaki. Trata-se do Alex Voorhees, vocalista do Imago
Mortis, banda da qual eu e o Fabio fizemos parte por dez anos. Daí encontramos
muito material para pesquisa na internet, fomos nos interessando pelo assunto e
chegamos aos livros do Sitchin. Quando lemos “O livro perdido de Enki” tivemos
uma epifania… Ali nasceu o projeto.
Aliás,
desde o início a intenção sempre foi fazer uma Opera Rock com um desenho
animado ou chegaram a cogitar outros formatos?
Fabrício:
O projeto passou por muitas metamorfoses. Inicialmente seria uma espécie de
documentário musical, depois virou uma estória com diálogos e intervenções
musicais… Enfim chegou o formato Ópera Rock juntamente com tema dos Anunnaki.
Você
foi o responsável pelos desenhos da animação. Há quanto tempo você trabalha com
esse tipo de arte? Houve muito estudo para o aperfeiçoamento de sua arte e
inclusão na animação? Enfim, como foi este trabalho?
Fabrício:
Eu nunca trabalhei antes com animação, de fato. Tinha curiosidade, fui
aprendendo pela internet e conhecendo programas de animação. Sempre na intenção
de fazer algo relacionado à música. Peguei algumas músicas nossas e fiz
videoclipes como oficina, aprendizado… Nada sério! Mas isso já tem alguns anos,
então tive tempo para ir aprendendo até chegar a hora de fazer o Anunnaki.
De
certo que Anunnaki é algo engenhoso e ousado. Quais maiores dificuldades vocês
encontraram e o que vocês destacariam desde a produção até a conclusão do
projeto?
Fabrício:
Cada
etapa foi difícil e conquistada com esforço e dedicação. Compor as músicas no
ritmo da história, fazer pré-produção e organizar as 28 músicas, inscrever no
edital de cultura, gravar as músicas e produzir a animaçã. Foi uma verdadeira
epopeia! Mas também foi uma jornada muito divertida e intensa!
A
música que serve de trilha transcende o Rock. Como foi compor para que a
sonoridade casasse com a história e da onde vocês tiraram inspiração, enfim,
tinham alguma referência?
Fabrício:
À medida em que íamos compondo as músicas, íamos também montando o storyboard
do filme, simultaneamente. Precisávamos saber o quanto cada cena iria durar.
Cada gesto, cada pausa dramática deveria estar também na música, então tudo foi
feito como uma coisa só. Já nasciam casados, o roteiro e a sonoridade. As influências musicais são muito vastas e
nós deixamos mesmo elas aparecerem nas músicas. Todo esse universo Ópera Rock de “Tommy” (The Who –
1969), “Jesus Christ Superstar” (1971), “The Wall” (Pink Floyd – 1982), “Quadrophenia”
(The Who – 1979). Desde bandas como Queen e Led Zeppelin
até Toquinho! Daí temperamos com um pouco de uma sonoridade regional do oriente
médio, um pouco de World Music… Rolou um pouco de Reggae também, achamos
conveniente pois o Reggae raiz faz muitas referências à Babilônia, e a
Babilônia faz parte da história dos Anunnaki.
O
projeto contou com participação de Julio Caldas (guitarra) e Thiago Andrade
(bateria), Richard Meyer como produtor artístico do projeto, tendo a produção
executiva por conta de Analu Franca, além de participações especiais de
artistas convidados como Luciano Campos, Carlos Lopes, Tassio Bacelar, Kiko
Souza, José Rios, Kekedy Lucie e Eneida Lima. É bastante gente envolvida, como
foi todo esse processo e as escolhas?
Fabrício:
O
Julio Caldas e o Thiago Andrade são da banda Mensageiros do Vento. O Tassio
Bacelar era guitarrista da banda e se afastou durante as gravações. O Julio foi
gravar participações nas músicas e terminou entrando pra banda, muita
afinidade! Com exceção do Carlos Lopes (Dorsal Atlântica), que é nosso velho
amigo-irmão, todas as participações foram arranjadas pelo produtor Richard
Meyer. Foi ele quem articulou isso.
O
projeto foi selecionado no Edital de Música do Fundo de Cultura e patrocinado
pela Secretaria de Cultura da Bahia. Como surgiu essa oportunidade e como vocês
vêem esse tipo de apoio do poder público?
Fabrício:
Os editais são abertos para qualquer pessoa que queira inscrever o seu projeto.
Nós nos inscrevemos no fundo de cultura e fomos selecionados. Não é fácil
conseguir a aprovação de um projeto, tudo tem que estar muito bem programado.
Mas é possível! E esse é um recurso valiosíssimo para quem trabalha com
cultura, isso tornou possível o projeto Anunnaki e muitos outros pelo país. Eu
encorajo os músicos independentes a participarem de editais, é uma ferramenta
muito válida para realizar arte. Além da Secretaria de Cultura da Bahia,
tivemos o apoio do Athelier PHNX, Massa Sonora Estúdio, Servdonto e Staner
Audioamerica. Gratidão aos incentivadores da arte!
Voltando
a Anunnaki, como o trabalho tem sido recebido pelo público em geral, mas
principalmente pelos fãs de Rock/Metal, afinal vocês fazem parte deste cenário
da música pesada?
Fabrício:
Tem sido ótima, agradeço muito pela generosidade com que as pessoas têm
recebido o trabalho, todo o incentivo e apoio! Obrigado!
E
como está o trabalho de divulgação? Há uma continuação e/ou até outro projeto
como este só que com outra história?
Fabrício:
Estamos divulgando o lançamento do filme na internet, rádios, TVs, jornais e
revistas… De todas as formas que podemos. Enquanto isso, preparamos o show do
projeto. Em breve caímos na estrada! Existem possibilidades sim de um trabalho
parecido no futuro, mas agora estamos focados nisso aí.
Muito
obrigado pelo tempo dedicado. Este espaço é de vocês para as considerações
finais.
Fabrício:
Nós
que agradecemos o apoio de vocês, deixo aqui meu abraço à equipe e aos leitores
do blog Arte Metal! Obrigado!
Linda entrevista! Gratidão ao grande Vitor Hugo Franceschini! Grande abraço e muita música!
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