Por Vitor Franceschini
Fotos: Manu Saggioro
Pouco mais de dez horas
antes da apresentação no Araraquara Rock, no dia 14 de julho último, a banda
Vandroya postava em sua página oficial do Facebook a saída de dois integrantes,
sendo eles os guitarristas Marco Lambert e Rodolfo Pagotto. A notícia deixava
os fãs apreensivos, até porque no texto, inicialmente, foi dada a baixa e aos fãs
menos pacientes coube a impressão de que a banda viria remendada (ou talvez até
cancelasse) sua apresentação no tão renomado festival. Porém, neste mesmo
texto, Sergio Pusep (Soulspell) e Gustavo Oseliero, ambos guitarristas, eram
anunciados como novos integrantes. Estreando a nova formação, completada por
Daísa Munhoz (vocal), Giovanni Perlati (baixo) e Otávio Nuñez (bateria), a
banda subiu ao palco do Teatro de Arena em Araraquara para encantar quem já os
conhecia e aqueles que a viam pela primeira vez. Para a plateia um show
maravilhoso, com um repertório abrangendo suas já tradicionais canções e
músicas do novo álbum “Beyond the Human Mind”, lançado em abril último. Para a
banda, que recebeu a nossa reportagem nos camarins após a apresentação, um
alívio e sensação de dever cumprido, além da revelação de que, principalmente
os veteranos de grupo, estavam apreensivos. Daísa, Otávio, Giovanni e Gustavo
conversaram quinze minutos com o ARTE METAL e, num bate-papo descontraído e bem
amigável, falaram sobre o novo trabalho, a nova formação e claro, sobre o show
no Araraquara Rock 2017.
O
que o novo trabalho, “Beyond the Human Mind”, trouxe de novo para a sonoridade
da Vandroya e o que ele manteve como característica da banda?
Daísa
Munhoz: É um disco de Power Metal essencialmente. Mas ele
também está mais Prog Metal do que “One” (2013) e isso deixa as músicas um
pouco mais tecnicamente difíceis, os arranjos estão mais sofisticados, além de
ser um disco mais maduro.
Giovanni
Perlati: A gente conseguiu manter a essência do “One”, mas a
gente trouxe, inclusive nas afinações, uma produção que deixasse o trabalho
mais pesado e ao mesmo tempo com arranjos mais complexos em relação ao “One”.
Essencialmente foram essas as alterações em relação ao primeiro disco.
Otávio
Nuñez: O que há de mais interessante neste álbum é que o
instrumental está mais pesado, mas a timbragem está mais limpa. Então é legal
porque você consegue pegar mais os detalhes, os arranjos, algumas delicadezas,
ou seja, algumas belezas que o peso esconde.
O
disco foi lançado no exterior?
Daísa:
O disco foi lançado lá fora na Europa, na América do Norte e no Japão. No Japão
é uma parceria do selo sueco Inner Wound Recordings com o selo Bickee Music. A
distribuição do disco no Brasil fica com a gente e agora que a gente conseguiu
prensar o disco, ele será lançado fisicamente no dia 5 de agosto que a gente
faz um show em São Paulo.
E
como se deu essa oportunidade em fechar com um selo lá fora e como é trabalhar
com isso?
Daísa:
Na verdade essa gravadora se interessou inicialmente pelo Soulspell (N.E.:
Metal Opera do músico brasileiro Heleno Vale, em que Daísa é integrante), então
eles conhecerem o trabalho da Vandroya através do meu trabalho no Soulspell.
Eles viram o vídeo que a gente postou gravando a música Why Should We Say Goodbye? (do primeiro disco, “One”), se interessaram
e vieram falar com a gente. Foi muita sorte na verdade, porque não é fácil para
as pequenas bandas como a Vandroya conseguir uma distribuição no exterior sem
ter que investir. Porque o legal das gravadoras no exterior é que elas
realmente investem na banda, então não fica aquela historinha de que: “ah,
vocês têm que me dar tanto”, sabe como é? E foi muito legal isso, foi uma
oportunidade que abriu muitas portas pra banda, que se tornou visível lá fora e
aqui no Brasil, foi sensacional pra gente.
Giovanni:
A oportunidade da Vandroya lançar material lá fora é uma experiência muito
legal, além disso ser uma dificuldade muito grande para as bandas, de conseguir
exportar seu material. A gente conseguir fazer isso é incrível e também o
feedback do público do exterior, tanto para o primeiro disco, quanto para o que
já podemos sentir no novo disco é muito bom. As pessoas realmente acompanham e
pra gente tem sido gratificante. É o grande retorno de se ter uma gravadora no
exterior.
Daísa:
O mais legal dessa história também, é que a internet possibilita que o mundo
inteiro ouça seu disco, mas o legal é que ter uma gravadora na ‘gringa’ é a
divulgação que a gravadora faz do seu trabalho. Então, através de sites
especializados, revistas e toda mídia, eles estarão em cima divulgando. São
coisas que a internet sozinha não consegue fazer, mesmo tendo todas suas
músicas lá e todo acesso. É uma gravadora pequena, assim como a gente, mas isso
tem sido um estrondo pra gente.
A
banda passou por mudança de integrantes, com a saída dos guitarristas Marco
Lambert e Rodolfo Pagotto. Entraram Gustavo Oseliero e Sérgio Pusep
(Soulspell). O que aconteceu?
Daísa:
Aconteceu de forma natural, era desejo deles saírem. O Rodolfo, por exemplo, já
tinha um tempinho que ele estava em dúvida, mas a gente estava no meio do
processo de gravação... A gente falou, “vamos gravar, vamos lançar e depois a
gente conversa”. E quando eles resolveram sair, a gente colocou um pouco o pé
atrás e ficou em dúvida em continuar. A gente não sabia, era meio incerto e a
gente soltou até uma nota hoje no Facebook (N.E.: entrevista cedida no dia 14
de julho) pra falar sobre isso – é o primeiro dia que falamos sobre isso. A
gente não sabia se prensava o disco, não sabia se continuava o plano de
marketing, se continuava atrás de shows... Então ficamos quietos por um bom
período, até que os shows começaram a aparecer. Então o Araraquara Rock ligou
pra gente, o Brasil Metal Union do Richard Navarro entrou em contato, entre
outras parcerias, incluindo bandas propondo turnês conjuntas. A gente pensou:
“E agora?”, agora que vai ou racha (risos), e a gente já tinha uma lista de
músicos, afinal temos muitos amigos, então na verdade não ia ser muito difícil
arrumar um guitarrista e as escolhas não poderiam ser melhores. Eu pensei no
Sergio a princípio porque eu já trabalho com ele no Soulspell há dois anos, ele
é um cara sensacional, ele compõe muito bem e a gente precisa de pessoas que
vão contribuir com a composição, conheço as composições dele, sei que casa com
que a gente gosta na Vandroya, então não fica destoando do que a gente vem
fazendo como som. Então o Sergio veio na minha cabeça rápido, inclusive por
indicação do próprio Heleno (baterista e mentor da Soulspell), e os meninos é
que foram fazer o convite pro Gustavo, que se conhecem há muitos anos.
Giovanni:
O Gustavo é amigo nosso desde 2005, 2004... Eu conheço ele há muito tempo, ele
é amigo pessoal e a gente teve várias composições juntos há 15 anos, inclusive
nós tínhamos uma banda juntos. O legal dele é que ele também, assim como o
Sergio, é compositor e tem um gosto musical parecido com o qual a gente
trabalha na Vandroya e casou muito bem. A gente substituiu os guitarristas, mas
conseguiu manter essa questão da qualidade, da técnica e também agora a gente
vai conseguir fazer alguns experimentos porque os dois são guitarristas que
compõem.
Otávio:
Quando a gente estava em dúvida em continuar, a Inner Wound Recordings nos deu
uma grande força. A gente não tinha prensado o CD ainda lá fora e o responsável
pelo selo nos disse que era mais comum do que imaginávamos, nos deu total
apoio, e isso foi um baita empurrão, até porque a gente tava com um trabalho em
mãos, que a gente acredita muito. Então a gente falou: “Meu, temos que fazer
essa turnê”.
A
banda acaba de se apresentar no Araraquara Rock e já com a nova formação. Pelo
menos pra gente, que estava na plateia, a apresentação foi ótima e pra vocês? E
qual o balanço final do Araraquara Rock?
Daísa:
Ah,
que bom! (risos)
Giovanni:
Acho que é bom ressaltar, que primeiro assim, ter uma cidade que trabalha a
questão cultural, que tem uma cena legal é muito difícil de achar hoje em dia.
Principalmente para as bandas que tem trabalho autoral de Heavy Metal no
Brasil, tem toda uma estrada e ter uma cidade que abraça isso e dá oportunidade...
pra gente é ainda mais animador, porque a gente vêm de perto, somos de cidades
vizinhas. Então quando surgiu o convite a gente ficou muito feliz, a gente sabe
do gabarito que tem esse evento, sabe da qualidade e da produção que tem. Mas
ao mesmo tempo foi desafiador, afinal desde quando entraram os dois
guitarristas foi uma correria, mas foi uma correria prazerosa, até porque
pudemos nos entrosar nesse pequeno espaço de tempo, fazer os ensaios que
precisávamos pra chegar aqui hoje afiados.
Daísa:
A gente fez o convite pra eles agora no meio de junho, então está fazendo um
mês que a gente está com esta formação e é aquela correria pra tentar marcar
ensaios, e foi difícil, a gente fez poucos ensaios.
Gustavo
Oseliero: Acho que a questão do entrosamento é bem interessante,
porque quando eu entrei no Vandroya, nos primeiros ensaios, como eu toquei com
o Otávio e com o Giovanni lá atrás, foi como se voltasse aquele entrosamento
que a gente tinha, a gente ensaiava muito na época. E também eu acompanho a
banda desde o início, quando o Vandroya ainda tinha outros integrantes e eu ia
em shows, acompanhava, etc. Foi muito legal, muito prazeroso e foi fácil esse
começo. Eu acho que o show hoje foi muito bom, foi muito produtivo, a
adrenalina tava ali, até porque estou voltando ao Heavy Metal, vim do Hard
Rock, mas não vejo muita diferença entre os estilos. Tem a questão mais
técnica, de presença de palco, a gente fica mais preso, mas acho que o show
fluiu bem, por ser o primeiro, e vamos para os próximos.
E
agora, além de divulgar o novo álbum, quais são os planos da banda para esse
segundo semestre de 2017?
Daísa:
A
gente vai gravar alguns videoclipes. Pelo menos um a gente tá certo de que
gravaremos, até porque estamos com algumas ideias que a gente não sabe se sai
do papel. Depende de muitas coisas, você sabe disso, você tá no role do Heavy
Metal, você sabe como as bandas apanham pra fazer a coisa acontecer... Mas pelo
menos um videoclipe a gente vai gravar com essa formação, logo, deve sair um
pouquinho depois da prensagem do novo disco. E fazer a maior quantidade de
shows que a gente conseguir, até porque no “One” a gente não conseguiu fazer
muitos shows, esbarramos em vários problemas. A gente aprendeu com os erros
daquela turnê e a gente está com muito mais contatos agora, sendo que a batalha
no momento é por shows no Brasil. A gente pretende sair do país, mas agora
queremos tocar por aqui, sair do estado, que a Vandroya ainda não tocou fora do
estado. Então essa é a prioridade agora.
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