Por Vitor Franceschini
Os paulistanos do
Megaira surgiram em 2009, porém seu primeiro trabalho só veio à luz em
2017. Mostrando uma sonoridade versátil e surpreendente, a banda mostrou muita
maturidade com “Power, Lies and Death” e o potencial de angariar mais público é
nítido. Para falar sobre o disco, tudo que o envolve e outros assuntos
relacionados à banda, conversamos com o grupo que atualmente é formadaopor
Paulo Schmidt e Annia Bertoni (vocais), Paulo Melo (guitarr), Tiago Souza
(baixo) e Murillo Vuldroph (bateria).
A
banda surgiu em 2009, por que o primeiro álbum, “Power, Lies and Death”, só
saiu em 2017?
Paulo
Melo: Tivemos muita dificuldade para fechar a formação do
Megaira porque os músicos que entravam para a banda não permaneciam por motivos
como divergências musicais e falta de tempo para se dedicar, desta forma sempre
que um integrante novo chegava o processo praticamente recomeçava. No início
também estávamos buscando a personalidade do nosso som, o que levou um certo
tempo para que conseguíssemos desenvolver uma proposta que agradasse a todos
dentro da banda, o que de certa forma não foi ruim, pois conseguimos inserir
diversos elementos musicais de nossas influências na música que possibilitou um
toque de originalidade. Outro fator que pesou para que o lançamento ocorresse
somente em 2017 foi a cautela em nossas escolhas e tomadas de decisões, como a
entrada de mais um vocal para completar a obra da forma que idealizamos e por
conta naturalmente da falta de experiência e estrutura por sermos uma banda
independente.
E
como surgiu a oportunidade de lançar o debut pela Shinigami Records?
Annia
Bertoni: Quando estávamos fechando o álbum com o produtor
Thiago Oliveira (Confessori/Warrel Dane) ao entrar no assunto de lançamento ele
mesmo comentou que o Megaira era o perfil da Shinigami Records e sugeriu que
entrássemos em contato. Foi uma surpresa muito gratificante e uma honra para
nós quando já de primeira o Willian ouviu o material, aprovou e nos aceitou
lançar no mercado através do selo.
Vocês
chegaram a lançar algo em outro formato antes do disco?
Paulo
Melo: Quando iniciamos a pré-produção gravamos algumas
demos e chegamos a dispor no myspace, porém foi algo despretensioso, podemos
dizer que o lançamento oficial do Megaira até o momento foi o debut “Power,
Lies and Death”.
O
fato de “Power, Lies and Death” ser o primeiro disco fez com que vocês
sentissem mais responsabilidade na hora de compô-lo? Aliás, como foi este processo
de composição?
Paulo
Melo:
Na verdade, com relação a responsabilidade, sempre procuramos dar o nosso
melhor e fazer o que realmente gostamos tanto nas composições, como em todas
atividades da banda, como gravação, shows e divulgação. O processo de composição
do disco foi bem natural, eu e o vocalista Paulo Schmidt já nos conhecíamos,
pois tocamos juntos em outra banda antes de formar o Megaira, o que facilitou
tudo, inclusive a ideia do nome da banda e a temática para as letras, focadas
nos contos da mitologia grega foi dele. Em todas as músicas eu apresento as
ideias dos riffs, melodia e harmonia para todos os integrantes, os quais atuam
como uma espécie de filtro, para desta forma definirmos a duração de cada
parte, o número de repetições que vamos executar e se for necessário
eliminarmos ou acrescentamos partes a música. Após definirmos a parte
instrumental o Paulo Schmidt adiciona as letras finalizando o processo.
A
sonoridade apresenta uma mescla entre o Power Metal, o Thrash Metal e até
música erudita. Isso não é improvável, mas é sempre um desafio para dar certo.
O resultado de vocês é acima da média. O que podem falar sobre isso?
Paulo
Melo: Muito obrigado pelo elogio! A sonoridade das
composições soa realmente como uma mescla de todos os estilos e vertentes do Metal
que apreciamos como fãs, como é o caso do Thrash, Death e o Heavy Metal
tradicional, o que nos influencia diretamente. Quanto a inclusão de elementos
da música erudita, eu estudei música erudita por cerca de seis anos e ouço com
frequência os grandes compositores do estilo, sempre fui um grande fã da música
grandiosa e incomparável de mestres como Mozart, Bach, Beethoven, Villa-Lobos e
Vivaldi, talvez seja por este motivo que soe em alguns momentos como Power
Metal. Acredito que o Megaira encontrou uma forma mais moderna somada ao
tradicional de introduzir isso nas músicas sem ficar maçante e complementando a
ambientação de cada música que, no álbum como um todo, é praticamente uma opera
rock.
Aliás,
vocês mesclam vocais masculino e feminino conseguindo sair de qualquer clichê
imaginado até mesmo por quem ainda não ouviu a música da banda (só pelo fato de
contar com um cantor e uma cantora na formação). Vocês tiveram a preocupação de
fugir de tal fórmula ou soar de tal jeito?
Paulo
Melo: Acredito que não tivemos preocupação com fórmulas
pré-estabelecidas ou soar de um determinado jeito. Desde o início da banda,
devido à temática e a forma como as letras foram escritas, com personagens
narrando a história, remetendo de certa forma a ópera, imaginávamos outros
timbres para que a mudança de personagem ficasse evidente.
Paulo
Schmidt: No início, quando a banda estava tomando forma,
soávamos mais Thrash Metal por conta de influências da outra banda que tivemos
juntos, mas sempre quis fazer algo mais complexo e conceitual usando a temática
de mitologia grega, que além de eu sempre gostar muito do assunto, é a base da
cultura e das artes ocidentais, além de ter muitas histórias e personagens a
serem trabalhados. Quando apresentei a ideia, a banda teve uma aceitação muito
boa e partimos daí a acertar a sonoridade do Megaira, introduzindo ‘samples’
orquestrados para equilibrar com o peso agressivo e fomos em busca de uma voz
que tivesse uma pegada não tão lírica e que se encaixasse dentro da proposta
nas músicas. Foi então que o produtor Luiz Portinari indicou a Annia Bertoni
que tinha as características vocais que queríamos, além de ser atriz e
acrescentar a dramaticidade que faltava na banda como um todo porque a nossa
temática permite esse tipo de abordagem. Nas gravações sentimos que o conjunto
estava completo e equilibrado conforme sempre almejamos e tudo casava, porém
com um toque diferente de tudo que já havíamos ouvido e resolvemos apostar!
E
como é trabalhar essas linhas vocais com uma sonoridade enérgica e agressiva
como a apresentada no debut?
Paulo
Melo: Maravilhoso! O fato de termos dois vocalistas com
uma gama vocal extensa nos oferece um leque de possibilidades para trabalhar
que é muito bom, pois podemos inserir diversos elementos e alternar entre o
melódico e o extremo com naturalidade.
Falando
em agressividade, o que chama atenção de início na banda é o impacto inicial de
“Power, Lies and Death”. Já na primeira audição o disco chama atenção pela
dinâmica e peso, sem falar da já mencionada energia imposta. Isso foi
intencional? Enfim, fale disso sobre um aspecto geral.
Paulo
Melo: Não foi algo intencional, a ideia inicial para o
som do Megaira era o Thrash/Death Metal, ou seja, algo que soasse brutal e
pesado, porém conforme as composições foram sendo desenvolvidas percebi que
poderia soar mais melódico, o que graças à inclusão de elementos sinfônicos
ajudou muito a desenvolver os timbres, harmonias e riffs. Outro ponto que vale
destacar foi a chegada da vocalista Annia Bertoni que entrou para o Megaira
durante o processo de gravação de “Power, Lies and Death” e adicionou uma
diversidade maior e melhor às vozes com a pegada Heavy Metal, colaborando assim
para a música da banda soar desprendida de rótulos e equilibrando com o gutural
de uma forma mais moderna.
Outro
ponto crucial do trabalho é a produção orgânica, que ajudou enfatizar todos os
elementos citados e enriqueceu a sonoridade do disco. Como foi o processo de
produção? Vocês conseguiram atingir o resultado desejado?
Paulo
Melo: A gravação e produção do disco ficaram a cargo do
produtor Luiz Portinari e a mix e master final pelo produtor Thiago Oliveira. Tivemos
algumas dificuldades devido à falta de experiência, porém ambos os produtores
entenderam a proposta do trabalho e ajudaram muito somando ideias ao Megaira
durante o processo de gravação e produção. Acredito que atingimos um resultado
superior ao que esperávamos graças ao trabalho em equipe entre banda e
produtores, e a recepção do Megaira tem sido ótima por parte do público e da
crítica nacional e internacional.
“Power,
Lies and Death” é um título bem forte que casa com a proposta de vocês. O que
significa e o que vocês passam nas mensagens de suas letras?
Tiago
Souza: O debut “Power, Lies and Death” narra a trajetória
do rei Minos de Creta e seu reinado sanguinário e cego por poder. Os demais
personagens que fazem parte de sua história, assim como ele, possuem seus
almejos particulares. Portanto, o título do álbum engloba como um todo as
particularidades e ambições egoístas e gananciosas de cada personagem.
Paulo
Schmidt: O álbum inicia com a música Power and Cruelty, onde o personagem Minos, rei de Creta, assassina
seus dois irmãos e faz juras e planos de poder. Durante a narrativa da história
conhecemos outros personagens ligados ao rei com situações de mentiras,
enganações e morte, como a princesa Ariadne, filha de Minos, que foi manipulada
por Teseu e ao morrer foi transformada em uma constelação. Falamos também sobre
a morte do Minotauro pelas mãos de Teseu,
o que enfureceu Minos e o fez condenar o arquiteto Dédalo e seu filho
Ícaro a morrerem dentro do labirinto. Por fim o próprio Minos foi ludibriado
pela sua sede de vingança e acaba morto, tornando-se eternamente um dos juízes
de Hades no Tártaro ao lado de seus irmãos assassinados. Achei o nome forte e se encaixa perfeitamente
com toda a temática do debut. Podemos
ainda traçar um paralelo e ver a semelhança da trama com a história da humanidade
até os dias de hoje, onde a mentira impera em muitos cenários em busca de
interesses próprios, resultando em guerras, genocídios e uma busca incessante
de todos pelo poder.
Por
fim, quais os planos da banda para o 2018 que vem chegando? Shows? Mais
lançamentos, enfim...?
Paulo
Melo: Em 2018 o nosso foco será fazer shows para a
divulgação do disco na América Latina e o lançamento do nosso primeiro clipe.
Em paralelo a isso vamos compor material novo para planejar novos lançamentos
sempre na mesma temática. Já temos muitas músicas novas construídas onde
precisamos efetuar o processo de arranjos e letras, esperamos o mais breve
possível entrar em estúdio para gravar o material inédito.
Muito
obrigado pela entrevista. Este espaço é de vocês.
Megaira:
O Megaira agradece a oportunidade e o espaço para divulgar nosso trabalho! O
Brasil está cheio de novas bandas com trabalhos incríveis e é muito importante
termos cada vez mais veículos dando espaço para divulgar esses trabalhos feitos
com muito amor e dedicação, afinal a arte e o Rock/Metal de um modo geral no
Brasil infelizmente não é o foco principal, mas continuaremos sempre lutando
pelo nosso sonho para fazê-lo ganhar o mundo e representar nosso país. Ficamos
honrados em ter canais como o ARTE METAL dando esse apoio e isso nos dá força
para continuar na batalha! Agradecemos a todos e principalmente a você pelo
carinho e tempo em ler nossa entrevista e conhecer nossa banda! Te convidamos a
acessar nosso site http://megairaofficial.com/ e ouvir nosso som disponível também em todas
as plataformas digitais. Compre nosso CD que está a venda em nossa loja
oficial, em várias outras lojas online e na Galeria do Rock em São Paulo e
claro, curta nossa fanpage https://www.facebook.com/MegairaOfficial/ para saber tudo que está rolando! OBRIGADO!
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