(2018
– Nacional)
Shinigami
Records
Um marco na carreira do
Angra, “ØMNI” é um disco que vivencia diversos momentos. O primeiro deles é o
fato de não contar com Kiko Loureiro pela primeira vez, consequentemente
estreando Marcelo Barbosa na guitarra. O outro é a incursão definitiva de Fabio
Lione (vocal) e Bruno Valverde (bateria), que já gravaram “Secret Garden”
(2015) – mas que aqui se mostram muito mais inseridos.
O novo disco também
mostra um Angra se reciclando, porque inovar sempre foi parte da banda, mesmo
muita gente sempre sendo injusta com uma das maiores bandas do Metal
brasileiro. E como muito se tem visto por aí, “ØMNI” está longe de ser um
retorno às raízes, muito pelo contrário.
Trazendo um conceito
filosófico complexo, onde aborda o futuro da consciência humana à
transcendência como espécie, algo na linha do ‘Mito da Caverna’ de Platão, o
disco é moderno, brasileiro e Heavy Metal. Talvez Rock e Progressivo em alguns
momentos, mas que não titubeia.
Quer ouvir o Angra que
você conhece? Ouça Light of Transcendence
e War Horns, quer matar a saudade de
“Holy Land” (1996), vá para Caveman e
veja como o que foi feito lá é atemporal, afinal modernidade, ritmos
brasileiros e um coro espetacular (com direito a parte da letra em português)
soam sempre no tempo atual.
A polêmica Black Widow’s Web, que conta com Sandy e
Alissa White-Gluz (Arch Enemy) se contrapondo, só pode ser criticada por quem
não ouviu e junto com Caveman será o
bode expiatório de retrógrados conservadores. Mas, The Bottom Of My Soul, com Rafael Bittencourt no vocal, e a
fascinante e com veia pop progressiva, Magic
Mirror são as surpresas que só o Angra poderia oferecer. Se eu citar mais
uma, como Always More (que balada e
como canta Fabio Lione) começo a ficar injusto com o tracklist.
O talento de Kiko
Loureiro faz falta, apesar da participação em War Horns, mas o Angra ganhou em densidade nas guitarras e mostra
um passo adiante no quesito modernidade em seu som. A cozinha de Felipe
Andreoli e Bruno Valverde mostra uma seção rítmica do Angra orgânica, como não
se via há tempos. Dispenso os elogios à produção de Jens Brogen (Sepultura,
Moonspell, Amon Amarth), porque é chover no molhado. E o Angra continua...
agradando e incomodando.
9,0
Vitor
Franceschini
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