Por Adalberto Belgamo
Em 1986, o Venom e o
Exciter passaram pelo Brasil. À época, com escassez de shows internacionais no
país, a turnê foi recebida com muito entusiasmo pelos fãs. Veríamos,
finalmente, bandas que ajudaram a moldar a música pesada nos anos 80, cada qual
em seu estilo.
E lá vamos nós! (risos)
Pegamos o ônibus e partimos para Sampa! Antes dos shows, parada obrigatória na
Galeria do Rock. Havia certa insegurança (risos) no ar. As “tretas” entre
“panquis”, “redbenguis” e “roquistas” eram frequentes. Se já não bastasse a
repressão policial (final da ditadura), tínhamos de conviver com a animosidade
entre as “tribos”. No interior, apesar de alguns bate-bocas, a convivência era
pacífica. “Tudu mundu juntu i misturadu!” (risos).
Chamavam-me “crazy cum”
(porra-loca - risos), porque eu nunca tive um estilo preferido dentro do amplo espectro
que é o Rock & Roll. Metalheads me consideravam punk demais, que por sua
vez achavam que eu era gótico, “que por sua vez” (risos) me rotulavam como
“roqueirão clássico” (risos), “que por sua vez” me taxavam de alternativo
demais (risos). No meu mundo particular (risos), não há divisões de estilos. Há
o que eu gosto ou não. Não julgo gostos musicais (ou de quaisquer outras esferas)
pessoais. O que é bom para mim, pode não ser para o outro e vice versa e versa
e vice (risos). No mesmo dia, vou de Cannibal Corpse a Joy Division, de Robert
Johnson a Slayer, de R.E.M. a Agnostic Front e de Death a The B-52 s. E segue o
“fruxo” (risos).
Voltando à Galeria, uns
punks estavam no andar de cima, encarando e provocando os “cabeludos”, que
subiam a escada central. Um amigo meu, forte na época (acho que ele inaugurou a
Whey Generation - risos) começou a responder aos insultos. “Pronto, sai de
Araraquara para apanhar em São Paulo. (risos)”, pensei. Mas não deu em nada.
Acho que perceberam o sotaque “caipirês” e nos deixaram em paz.
Depois da visita à Disney
dos amantes da música, fomos para o ginásio Poliesportivo do S.C. Corinthians
Paulista, na Zona Leste da Capital. Aglomeração para entrar e a fila, que não
andava, já davam indícios que a noite seria para os fortes (risos). Em uma
esquina, um homem apanhava “de grupos”. Vinham, batiam, esperavam uns quinze
minutos e começavam a idiotice de novo. Fato triste. Há octógonos e ringues
para isso. Imaginem essas pessoas armadas.
Já no ginásio, a “rede“,
que colocaram na frente do palco, incomodava principalmente quem tem
astigmatismo (risos). Disseram que foi por causa de incidentes de shows
anteriores da turnê Brazilian Assault.
O Show do Vulcano teve um
set maravilhoso, garra e energia dos integrantes. No entanto, sacanearam (e
muito!) no som que sai para os PAs. Lendo sobre o problema enfrentados pela Nervosa,
ao abrir o show do Venom, não acredito que a “podada” veio do Exciter
(sarcasmo).
Eu considero o “Black
Metal” (1982) um álbum histórico, não apenas para o Metal, mas para a cultura
musical ocidental. Ele simplesmente influenciou e fez nascer uma cena, que
rende bons frutos diariamente. No entanto, eu fui ao show muito mais pelo
Exciter (risos).
Tenho um carinho especial
por power trios. O Exciter era um dos meus favoritos nos anos 80. A música
visceral feita pelos canadenses soava tão bem ao vivo, quanto nos antigos (nem
tanto - risos) LPs.
“Heavy Metal Maniac”
(1983) e “Long Live The Loud” (1985) soaram tão intensos e verdadeiros para uma
plateia, que via a história acontecer diante dos próprios olhos. O Dan Beehler
era uma máquina ensandecida cantando e tocando ao mesmo tempo. Que show
senhoras e senhores!
Além dos vinis,
visualmente conhecia o Venom por meio de revistas e de “vídeos chuviscados”
(risos). Fiquei um pouco decepcionado, quando vi o quarteto na minha frente.
Senti falta do Mantas, do power trio clássico. Não sou do tipo “viúvo de
formação original” (risos), muito pelo contrário, mas que o original, em certas
circunstâncias, é sempre melhor... é!
(risos)
O show foi ótimo, além
das minhas expectativas por causa da nova formação. O set list matador (Possessed, Black Metal, Die Hard, Countess
Bathory, Welcome to Hell...) proporcionou aos presentes a experiência de
apreciar uma banda, que forjou um estilo que, anos mais tarde, consolidou-se
como um dos mais importantes no cenário da música pesada.
Após as “marteladas
sonoras”, fomos para o Terminal do Tietê, comemos os famosos “salgadinhos
gordurosos” (risos) e voltamos para o interior com a sensação de dever
cumprido, o de ter visto a história acontecendo! Presente de Natal antecipado!
Inté... se eu não for
preso pelos agentes de repressão do novo Estado de exceção, previsto para
2019... (risos)
*Adalberto Belgamo é
professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do
Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e
seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.
Eu tbm estive neste show,infelizmente o Benim p mim decepcionou (os 2 guitarristas mais revelavam do que tocavam) e o Exciter arrasou, foi neste show que curti e conheci a minha mulher, casamos ganhei uma linda filha (Jennifer) e me separei depois de 7 anos (isso e outra história)
ResponderExcluirO Venom levou dois guitarristas com Blazers cheios de lantejoulas, fiquei p. da vida com aquela cena, os caras vieram substituindo Mantas. O Vulcano foi prejudicado com os técnicos de som e o Exciter arrebentou!
ResponderExcluironde posso comprar videos desse show???
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