Por Vitor Franceschini
Em tempos de polarização
extrema há atitudes e opiniões que nos surpreendem, outras nem tanto. E,
publicações jornalísticas, especializadas ou não, dificilmente escapam de rotulações,
acusações e/ou de serem classificadas de direita ou esquerda (para ser mais
direto aos menos atentos).
Recentemente a polêmica
rondou a Roadie Crew, maior revista de Rock e Heavy Metal da América Latina, e
que está há mais de 25 anos no mercado, se contarmos a época que ainda era um
fanzine. A revista já publicou mais de 240 edições e teve praticamente todos os
ícones do Rock e do Metal, internacional e nacional em suas páginas, com capas
exclusivas históricas e milhares de bandas de todos os estilos desde o Classic
Rock ao mais extremo Metal.
Em uma carta do editor da
edição 243 (se não me falha a memória), o editor-chefe Airton Diniz expos
algumas de suas opiniões, o que acabou expondo também sua posição em relação à
política. Nenhuma novidade, pois o autor, no seu livre direito e liberdade de
expressão, sempre deixou claro nas redes sociais e até em alguns flertes nestes
editoriais, esta sua posição.
O problema é quem em
tempos atuais, isso pode soar ofensivo para muitos e como incentivo para
outros. Erroneamente, claro. Por que? Porque a carta do editor ainda assim é
algo opinativo, e opinião não é exatamente um fato ou uma verdade. Não é uma
linha editorial. Mas, muita polêmica aconteceu na internet, algumas exaltações
e muitas críticas, até com menções de boicotes à revista.
Chegando exatamente neste
caso, muitos me perguntam por que ainda sou assinante da Roadie Crew (e sou há
anos, pela segunda vez, além de acompanhar a revista desde sua oitava edição,
ou seja, há mais de 20 anos)? Principalmente sabendo que minhas opiniões se
opõem a do editor, assim como visões político-sociais.
Primeiramente porque
respeito a opinião alheia e sempre admirei o trabalho do Airton Diniz por
erguer a bandeira do Rock e Metal no Brasil com uma publicação impressa, fato dificílimo
neste país, assim como tudo que envolve música independente. Inclusive Airton
foi fonte de trabalho de faculdade deste que vos escreve (confira a entrevista
que fiz com o editor aqui),
em um bate papo em que já prevíamos as dificuldades encontradas atualmente no
meio jornalístico especializado.
Mas é fundamental ter
coerência e saber que a carta do editor nem sempre representa o conteúdo da
revista. É ser extremista e irracional se deixar levar por uma opinião, e
ignorar que a publicação, riquíssima em informação e conteúdo exclusivo
além-internet, não tem cunho ideológico e é repleta de uma rara democracia e
liberdade para seus repórteres. Vide que na mesma edição ainda há uma
entrevista reveladora com a banda Within Temptation, conduzida pelo excelente
Daniel Dutra, onde várias pautas consideradas de esquerda são comentadas, com
críticas ao atual governo federal, diga-se de passagem.
Por fim, algo mais particular,
porém com uma opinião profissional, já que sou formado em Comunicação Social
com ênfase em Jornalismo. Criar uma bolha em torno de se informar através
daquilo que somente concorda, além de ser perigoso, geram péssimas críticas e
poucos argumentos para debates. É isso.
Vitor
Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e
headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Não, não recebi nada
financeiro e nem proposta da Roadie Crew.
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