A seção InteraBanger do
Blog Arte Metal, além de procurar inovar e tirar o veículo de certa rotina, tem
o intuito de interagir com o leitor, músicos e especialistas no assunto sobre
álbuns polêmicos ou não de bandas já consagradas e relevantes. Outros assuntos
relativos às bandas ‘mainstream’ também serão comentados esporadicamente.
O assunto dessa vez não
será um álbum, mas algo que aborda o mercado e o futuro do Rock/ Heavy Metal.
Nas redes sociais foi colocada a seguinte questão:
O Iron Maiden ganhou
disco de ouro em 23 países, incluindo o Brasil, com seu novo disco "The
Book of Souls". Enquanto isso o AC/DC vendeu 545 mil cópias desde que
estreou na terceira posição da Billboard em dezembro do ano passado com o
"Rock Or Bust", seu 16º disco.
A questão não é entrar
em demérito com as bandas, mas sim avaliar se isso de alguma forma preocupa.
Afinal, o público Rock/Metal (mesmo o 'casual') se interessa mais por clássicos
e não dá tanta atenção ao Rock/Metal feito nos dias de hoje? Isso preocupa?
Confira o que o pessoal respondeu:
“O que mais preocupa,
mesmo, é o fato do envelhecimento literal dessas bandas... Vide a perda de
Philty Taylor. Que bandas/ídolos irão substituí-los? Como será o futuro sem
eles?” (Guto Zanutto, leitor – Itatiba/SP)
“Basta deixar os mais
jovens mostrarem seu valor, trazendo vigor ao gênero. No fundo, acho que a
maioria tem medo das inovações, medo de novidades... Particularmente, deixei
esse medo para trás nos 80, lá em 1990.” (Marcos Garcia, Metal Samsara - http://metalsamsara.blogspot.com/)
“Eu acredito que seja
uma nova "era" relativa ao "consumo" de música, não só
Rock/Metal. As pessoas preferem "apostar" naquilo que já conhecem,
sempre nas mesmas bandas e nos mesmos estilos. Sentem-se confortáveis e isso também
se reflete mesmo em shows ou festivais. Os mais "novos" (risos),
devido a velocidade da informação, não tem paciência para ouvir um álbum todo,
ler o encarte (risos). Eu acredito que o Rock/Metal está sempre em evolução.
Pode até ser que o quesito originalidade esteja difícil de se encontrar, porém
há milhares de bandas fazendo sons interessante, criativos, baseados nas
influências delas. O Metal, em particular, nunca foi popular ao extremo.”
(Adalberto Belgamo, leitor – Araraquara/SP)
“O que preocupa é que
uma grande parcela das pessoas que ouvem Metal é muito conservadora, se prendem
ao panteão das bandas consagradas e às vezes por puro comodismo deixam de ouvir
boas bandas que surgiram recentemente. Não que eu ache que isso deva se tornar
uma regra ou coisa do tipo, mas acho que hoje em dia é muito fácil conhecer
bandas novas que de alguma forma inovam no estilo proposto, desse modo eu
acredito que devemos ouvir no mínimo uma banda nova por semana. O Metal precisa
de sangue novo, tanto nas bandas quanto no público.” (Peter Jaques, leitor –
São Leopoldo/RS)
“Pra mim preocupante
seria se os clássicos fossem esquecidos (risos). Que bom que os fãs de Metal
não são modistas e se mantêm fortes no apoio aos seus ídolos. Muitas bandas
novas estouraram, venderam ‘gazilhões’ por uns 03 anos e sumiram depois. Aí se
vê a grande diferença entre o ‘hype’ do momento, apoiado por uma estratégia de
marketing visceral e bandas com substância e personalidade. Claro que existem
muitas bandas novas boas, também, que em alguns anos estarão tomando o lugar
dos já cinquentões/sessentões dos primórdios do Metal ‘PILAR’ do que se ouve
hoje em dia.” (André Delacroix, baterista Metalmorphose - http://www.metalmorphose.com.br/)
“A internet mudou nossa
forma de consumir música. Essa nova geração não está mais tão ligada aos seus
ídolos como antigamente. Nada é muito duradouro e com a grande oferta de
bandas, torna-se difícil se destacar, se tornar relevante. Ainda acho que
futuramente não teremos mais essa figura de um grande ídolo. Talvez essa seja a
última fase entre o que acreditamos que seja a música e o que ela realmente se
tornou.” (Pedro Humangous Salim, Hell Divine - http://helldivine.blogspot.com.br/)
“Na verdade existe um
pouco de conservadorismo em muitas pessoas, que não dão nenhuma chance em ouvir
bandas novas, simplesmente declaram que nada se compara ao passado e coisa e
tal. Tudo bem que tenha essa opinião, mas nem ao menos eles se dão ao luxo de
ouvir uma banda nova com paciência, sem torcer o nariz nas primeiras audições. Este
ano, por exemplo, foi repleto de ótimos lançamentos de bandas fora do chamado
‘mainstream’, estou trabalhando desde já nos 10 melhores do ano em cada estilo
do Metal, e não tem sido fácil definir, 2015 está sendo um ano repleto de
ótimos lançamentos. Conselho, saia da caixinha das mesmas bandas de sempre e
aprenda a apreciar o novo, que não é somente cópia barata, tem muita qualidade
e originalidade também. O Metal é um ser vivo, que não para de se desenvolver,
pense nisto.” (Marcos Thrasher, Metal BR - https://www.facebook.com/groups/374832322663400/?fref=ts)
“Eu gosto de Iron
Maiden, mas não vou gostar de tudo que lançam porque eu sou fã da banda, se eu
não gostar de disco x ou y não vou deixar de ser um fã, é só questão de gosto,
mas, às vezes parece que a pessoa acaba induzida a gostar por gostar, e isso
não é ser fã, é ser chato. Eu achei esse disco novo uma bosta, mas é só a minha
opinião.” (Luis Carlos,
baterista The Black Rook - http://www.theblackrook.com/)
“A música, especialmente
o Rock, não movimentam mais a economia global como antes. Não se vende mais
música, portanto, não há mais investimentos em novos artistas (leia-se grandes
gravadoras com grandes campanhas de marketing). O estado de consciência
predominante na população mundial é de uma mente oprimida, de forma que
necessita de um sistema, de uma força impulsora para determinar o que ver,
ouvir, comer, cheirar, etc. Mesmo tendo em mãos uma ferramenta de livre
expressão como a internet, as pessoas ainda precisam de parâmetros como
"topic trends" para nortear suas pesquisas. Não apenas as bandas
gigantes como AC/DC, Maiden e Metallica, mas todas as que o sistema promoveu
até o momento que a música ainda vendia (casos mais recentes como Slipknot,
System of A Down, Linkin Park, etc), continuarão sendo as principais
referencias para o público. Isso só mudará sob três circunstâncias: (1) quando
esses grupos deixarem de existir; (2) se a música voltar a gerar grandes
receitas e com isso estimular investimentos em novos artistas; (3) se as
pessoas aprenderem a pensar por si próprias. A última opção é a mais difícil. Enquanto
isso (ou daqui pra frente), os grupos atuais, tão bons quanto ou até melhores
que seus antecessores, continuarão produzindo música porque isso é parte
intrínseca deles mesmos. Apenas uma pequena parcela do público, pensante, as
prestigiará. Esse público, embora menor em quantidade, é melhor em qualidade.
Músicos que ainda se iludem com a fantasia de verões passado de sexo, drogas e
rock 'n' roll, esses, cedo ou tarde, terão sua dose de realidade. Ainda bem.”
(Eliton Tomasi, Som do Darma - http://www.somdodarma.com.br/)
“Eu acredito que nada é
para sempre, senão o Rockabilly estaria fazendo sucesso até hoje. A música
evolui, as pessoas mudam seus gostos - mesmo quem curte Metal. Portanto, tenho
certeza que uma hora vai acabar sim e que talvez sejamos a última geração desse
gênero musical.” (Julio
Feriato, Heavy Nation - https://www.facebook.com/heavynationuol/?pnref=lhc)
“Preocupa porque a
cultura banger só faz alusão a clássicos. Nas escolas de música tudo que se vê
de base vem de bandas consolidadas ou de artistas consagrados. As bandas
emergentes não conseguem espaço por sua vez por conta de uma atitude que
desagrada a galera que curte o movimento underground há tempos. Sendo essa
atitude muito juvenil e com letras muitas vezes vazias. Tudo isso desestimula
um fã e como fama no meio Metal se faz com boca a boca, bandas novas tem que
trabalhar muito pra poder conquistar espaço e mídia.” (Marcelo Ricardo Rios,
leitor – Guararema/SP)
“Tudo é questão de
mercado. As bandas mais antigas foram as primeiras a fazer sucesso, influenciar
outras tantas bandas e conseguiram se sustentar no mercado com hegemonia e
públicos fanáticos, portanto fiéis. Isso vai mudar porque tudo tem seu tempo. As
bandas que estão se tornando repetitivas e vivendo dos sucessos do passado
(aceitável no caso das duas da imagen após 40 anos em atividade sem grandes
intervalos) cederão espaço ou por novos anseios de uma nova geração (já
acontece com uma minoria em grande número) ou por questões de saúde. ‘Clássico
é clássico e vice versa’. Os álbuns clássicos continuarão atraindo fãs dos
quatro cantos do mundo para as grandes bandas internacionalmente reconhecidas
(reconhecimento mundial é outro ponto de vantagem da velha guarda). Cabe aos
novos artistas tomarem seu tempo e aos responsáveis pela comercialização delas
se imporem em relação aos antigos no mercado. Fica realmente difícil competir
com Sony Music (‘Rock or Bust’) e Parlophone (‘The Book of Souls’) enquanto tem
bandas "amadoras profissionais" sem apoio por aí. Preocupante não
pelos fãs, mas pelo mercado que ainda é míope em relação ao ‘$uce$$o’ que a
nova geração é capaz. Recomendo o documentário "Before the Music
Dies" de 2006. Responde muitas perguntas.” (Virgilio Marques, leitor –
Campinas/SP)
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