quinta-feira, 14 de julho de 2016

Entrevista: The Assault



Por Vitor Franceschini

A banda araraquarense The Assault, formada pelos jovens Artur Rinaldi (vocal/guitarra), Vitor Rinaldi (bateria) e Iuri Rabatini (baixo), chega ao seu segundo álbum e mostra consistência, além de uma evolução natural com seu Thrash Metal cheio de identidade. Com “The Abyss” (2016), o trio vive seu ápice até então e se prepara para alçar vôos ainda mais altos. Conversamos com Vitor e Iuri que falaram um pouco mais sobre o novo trabalho, clipe e uma das mais importantes apresentações que acontece no próximo final de semana no renomado Araraquara Rock. Com vocês: The Assault!

No primeiro disco “Prelude To War” (2015), a banda mostrava uma sonoridade mais abrangente dentro do Thrash Metal que atingia todas as facetas do estilo. Já “Abyss” (2016) traz uma banda mais centrada, mantendo uma pegada mais dos anos 90. Isso foi algo natural ou proposital na hora de compor o novo álbum?
Iuri Rabatini: Foi algo natural, não seguimos nenhum determinado padrão de composição, claro que conforme as músicas do “Abyss” foram ganhando forma, tentamos manter uma pegada que não fugisse muito do que tinha até então sido construído, até por se tratar de um álbum conceitual, chegamos a um consenso de manter o corpo musical coeso, do inicio ao fim. 

Vocês também carregam influências do Metal tradicional e até de Southern Metal. Como explicam esses elementos na sonoridade da banda?
Iuri: A origem da banda foi inspirada em fazer um trio, formação tradicional do Metal tradicional e como eu tenho nas minhas influências musicais, muito da NWOBHM e da Bay Area do Thrash Metal oitentista, resolvi agregar em todos os riffs no qual participo a pegada dessas escolas. Já por parte dos irmãos Rinaldi, vem toda a influência progressiva e também Southern, esta inspirada muito pelo Pantera. 

Aliás, como funciona o processo de composição da banda? Vocês mudaram a metodologia de compor em “Abyss” ou esse processo foi igual ao do primeiro trabalho?
Artur Rinaldi: Nós não temos um processo de composição “padrão”, não é algo que chegamos e dizemos “vamos compor algo hoje” dando inicio a uma rotina. Às vezes a composição começa com uma “jam”, todo mundo tocando junto alguma coisa e se surgir algo que agrade a todos nós começamos a trabalhar em cima. Às vezes o Vítor está fazendo um “barulho” na batera e nós (Artur e Iuri) damos corda e puxamos algum riff em cima e às vezes acaba saindo uma composição nova. Em alguns casos também, como na música Abyss que fecha o álbum, eu trouxe todos os riffs prontos e o trabalho foi só de arranjar com os outros instrumentos. Mas esses casos são raros, geralmente o que da mais certo é a composição em banda, com todo mundo ajudando.

“Abyss” também mostra vocês individualmente mais ‘íntimos’ em suas funções/instrumentos. Essa também foi uma evolução natural?
Artur: Foi uma evolução natural. Acredito que no álbum “Abyss” conseguimos nos refinar não apenas como músicos, mas principalmente como membros de uma banda. E para mim isso é uma das coisas mais importantes para qualquer banda, pois músicos virtuosos existem aos montes, mas grupos formando uma completa união, soando como uma coisa só é algo raro e que nós temos muito orgulho de conseguir fazer.

A produção do novo trabalho chama atenção pela alta qualidade e pelo fato de vocês terem a feito de forma totalmente independente. Por que decidiram por produzir o próprio disco e como foi esse processo? O resultado final foi o buscado?
Artur: Nós sempre acreditamos no lema “se quer que algo seja bem feito, faça você mesmo”, e foi seguindo essa ideia que resolvemos nos virar em toda gravação, composição, mixagem e masterização do álbum. Não sentimos que precisávamos de ajuda externa e, apesar de ter sido um trabalho muito cansativo, valeu cada esforço. O resultado final foi o som que nós tanto queríamos para álbum anterior (“Prelude to War”), mas que não tínhamos conseguido naquele momento por falta de experiência técnica da banda e da parte de gravação e mixagem.



O disco traz como temática o conceito do seu livro “Abismo”, Artur. Como decidiu por isso e como foi encaixar as letras na sonoridade de “Abyss”?
Artur: Eu e meu irmão sempre gostamos muito de Rock Progressivo e após eu escrever o livro eu me lembrei de um álbum chamado “1984” do Rick Wakeman, que ele fez baseado no livro “1984” de George Orwell, e foi aí que surgiu essa ideia. Eu achei que o pessoal da banda ia torcer um pouco o nariz por ser uma ideia não tão comum, mas na verdade o Vítor e o Iuri toparam logo de cara. Com relação a encaixar a sonoridade com o tema do livro, no começo eu fiquei um pouco confuso. Eu queria que tudo soasse como uma verdadeira história e não que fossem apenas músicas com sonoridade aleatória e com as letras baseadas no livro. Então tivemos um grande cuidado para tentar trazer todo o clima de cada capítulo do livro para cada música. Então quem for ler o livro poderá em cada capítulo escutar a respectiva música e “sentir” toda história.

E qual a mensagem por traz do tema?
Artur: O tema do livro é a distopia. Trata-se de uma sociedade não muito a frente da nossa, onde surge um grupo chamado “Confederação da União”, esse grupo tem a ideia de fazer uma sociedade mais justa e livre para todos e eles escrevem um manual baseado de como cada grupo da sociedade deve se portar. No manual, a sociedade fica dividida em gênero, etnia e em classes sociais e todos que aderem a “União” devem seguir esse manual e impô-lo aos que são contra. A justificativa para isso era que a sociedade estava imersa em profundo “sistema” que cegava a todos e o manual era o que traria a verdade à tona. Mas o interessante era que a “União” almejava alcançar essa liberdade ao mesmo tempo em que tirava essa “liberdade” limitando cada pessoa a um grupo específico com funções específicas... A mensagem por traz do tema é que quanto mais se luta contra algo, mas você se torna aquilo que combate. Dai que vem a frase de Friedrich Nietzsche que deu título ao livro: “Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”.

A faixa The Final Act foi a escolhida para virar videoclipe. Por que a escolheram e como foi trabalhar na gravação do vídeo? Qual importância vocês veem atualmente em se lançar um clipe?
Artur: A escolha foi feita a partir do feedback positivo que nós recebemos sempre que tocamos ela nos shows e também principalmente, por ser uma música que nós não enjoamos de tocar. Tivemos esse cuidado especial, pois nosso primeiro videoclipe foi de uma música chamada Cover me do álbum anterior, e por essa música ser muito melodiosa nós nos cansamos dela, e não tocamos mais nos shows. Para nós, hoje em dia, lançar um videoclipe é importante, pois você tem dois atrativos (a imagem e o som) e acaba abrangendo um público maior, mas o que estamos percebendo é que mais importante do que isso é fazer um show que cubra sempre as expectativas do que se escuta e se vê no clipe. Um show bem feito é o carro chefe de qualquer banda, principalmente as que pretendem ter uma longevidade.

Como está a repercussão de “Abyss” até então, tanto por parte da mídia quanto por parte do público? Houve um ‘feedback’ internacional do disco?
Artur: A repercussão do álbum está sendo muito maior do que poderíamos imaginar. Vários sites como o “blog Extreme Aggression”, o “A música continua a mesma” e o “Arte Metal”, já fizeram resenhas do álbum. Ficamos muito surpresos também quando uma rádio da Bélgica veio nos procurar perguntando se poderia executar nossa música Trial, isso para nós mostra um feedback muito positivo.

A banda irá se apresentar no Araraquara Rock no próximo dia 17. Qual a expectativa dessa apresentação que acontece na terra natal da banda e em um dos principais festivais de música independente do país?
Iuri: É uma expectativa enorme, pois prezamos muito por uma apresentação impecável, mostrar no palco o mesmo nível das gravações em estúdio. E para nós poder participar de um evento, cuja estrutura e toda a retaguarda técnica, são de primeira linha, só aumenta ainda mais a vontade de poder enfim, mostrar todo nosso empenho e trabalho artístico em um nível maior ainda. 

E quais os planos em termos de shows e divulgação do novo trabalho?
Iuri: São os melhores possíveis, já estamos com uma agenda pré-estabelecida, para o mês de agosto, com um evento no bar Zinho (N.E.: em Araraquara), no dia 06. Já fizemos neste mês de julho show na cidade de Assis/SP e a aceitação do público foi algo gratificante, estamos agora planejando mais shows pelo estado de SP e com isso, tentar uma turnê divulgando ainda mais o “Abyss” pelo país. Todo trabalho de divulgação pelo canal da banda no Youtube e pela página no Facebook tem tido retorno e tem nos deixado entusiasmados com essa possibilidade de shows fora de Araraquara. 

Podem deixar uma mensagem aos leitores.
The Assault: Queremos agradecer todo apoio recebido da galera que fortalece a cena (tanto imprensa como público)! Tocar um projeto de Heavy/Thrash no Brasil não é fácil, em cada esquina tem um obstáculo, jogos de ego e de vaidade, coisas desnecessárias e que atrapalham e muito! E nosso combustível é todo esse apoio que recebemos; cada guerreiro de pé vendo nossa apresentação nos impulsiona ainda mais! Além do trio, somos como todos vocês que lutam pela cena, não somos mais que ninguém! E contamos com todo esse apoio de vocês, nos encontramos lá no Araraquara Rock!

https://soundcloud.com/theassault/tracks

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