(2018
– Nacional)
Independente
Com “Anagnorisis”, o
Dysnomia aceita o desafio de superar seu excelente debut “Proselyte” (2016) e
se não o faz, ao menos igualou seu lançamento anterior. Antes de verificar,
vamos explicar o que significa a palavra que dá nome a este segundo trabalho da
banda são-carlense.
“Anagnorisis” é uma
palavra de origem grega que significa reconhecimento. Aristóteles utilizou este
termo na sua Poética para se referir à tomada de consciência por parte do herói
trágico de um erro que ele próprio terá cometido num passado mais ou menos
remoto e que o terá conduzido à perdição presente.
Pois bem, não somente em
termos filosóficos, mas a palavra casa bem com o trabalho da banda. Afinal, com
seu antecessor o Dysnomia teve reconhecimento, e neste segundo álbum prima por
manter isso e buscar ainda mais, correndo o risco de num futuro próximo, este
ser o maior obstáculo da banda no que estar por vir em termos de trabalho.
Fato é que “Anagnorisis”
é um álbum espetacular e uma evolução natural da banda. Não há dúvidas que com
a entrada do guitarrista Fabrício Pereira, o Dysnomia ganhou muito nas linhas
do instrumento. Variação e criatividade são palavras chaves, o que se mostra
constante com ajuda da cozinha consistente.
As mudanças de andamento,
muitas vezes acusadas por quebradas de ritmos, se mostram mais constante no
trabalho. Tudo ditado por uma bateria que explora bem suas linhas, sem deixar o
ritmo intricado e linhas de baixo que propõem auxiliar a parede sonora com partes
bem criadas e executadas.
No novo disco, a banda
ganha também em melodia, sem excessos ou transformações brutas, mantendo sempre
suas características. Os vocais de João Jorge (também guitarrista) estão mais
versáteis do que nunca, transitando entre o gutural e o rasgado constantemente.
Isso sem contar os ótimos solos de guitarras, que seguem duelando e
enriquecendo as músicas.
Filosofia, mitologia e
literatura permeiam as temáticas do trabalho, desta vez com mais riqueza e
cuidado na abordagem. Outro ponto forte é a ótima produção, a cargo da banda e
Gabriel do Vale, que deixou o som atual e equilibrado. Destaque para as faixas Anagnorisis, Tha Fall of Phaethon e a
excelente Sertões que traz
referências da música nordestina, incluindo uma ótima introdução acústica.
Melhor lançamento independente do ano até então.
9,0
Vitor
Franceschini
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