Por Vitor Franceschini
O Sacrificed estreou bem
quando lançou seu primeiro disco “The Path of Reflections” em 2011 e já chamou
atenção no cenário nacional. Agora, sete anos depois deste que pode ser
considerado um trabalho acima da média, a banda lança “Enraged”, que mostra uma
evolução impressionante e uma banda que lapidou suas características criando
uma identidade própria forte e moderna. Sérgio Barbieri, guitarrista da banda
que entrou após o debut e que faz parte dessa evolução, conversou com o ARTE
METAL para falar sobre esse atual momento, o novo trabalho e tudo que o
circunda. O Sacrificed é completado por Kell Hell (vocal), Diego Oliveira (guitarra),
Gabriel Fernando (baixo) e Thales Piassi (bateria).
Vamos
ao que interessa diretamente no álbum “Enraged”. O disco demorou sete anos para
sair em relação ao debut. Isso foi proposital? Afinal, há uma evolução muito
grande em todos os sentidos no novo trabalho, lembrando que “The Path of
Reflections” (2011) já é um bom disco?
Sérgio
Barbieri: Não foi proposital. A banda passou por algumas trocas
de formação, a vida pessoal dos membros e outros fatores acabaram prolongando
um pouco o lançamento do segundo trabalho. Nesse meio tempo, lançamos dois
singles (que estão no “Enraged”) Shame
e Grudge Is My Middle Name (este
último apenas na versão física, como “Bonus Track”). A banda cresceu
musicalmente com o passar do tempo. Estamos muito felizes com a evolução
apresentada no “Enraged”.
E
como foi trabalhar no segundo ato? Vocês o compuseram durante todo este tempo
ou esse processo veio mais recentemente? E como foi trabalhar no disco? Qual a
principal mudança?
Sérgio: Como
trabalhamos nos 2 singles antes do álbum, isso serviu para moldarmos o que
seria o novo Sacrificed. O processo de composição, pré-produção e a gravação em
si, durou praticamente 3 anos. Trabalhar no disco foi prazeroso e ao mesmo
tempo desafiador. Buscamos mesclar alguns elementos diferentes para enriquecer
a música, ajustar tudo ao estilo dos membros e principalmente fazer algo que
fosse extremamente prazeroso de executar. Acho que a principal mudança foi a
maturidade musical, ideias novas e a vontade de fazer um trabalho que pudesse
realmente nos levar mais longe.
O
interessante em “Enraged”, além é claro da qualidade toda, é que o disco mostra
uma banda focada no Heavy Metal, sem se preocupar com características
tradicionais do estilo ou seguir tendências atuais. Isso é algo natural ou
vocês tiveram essa preocupação?
Sérgio: Bom,
o Heavy Metal é o que amamos. Está no sangue. É natural que o trabalho tenha
sido construído nessa base. Nos preocupamos somente em fazer algo que gostamos,
levando em conta nossas influências e tornando tudo o mais agradável possível.
E
o mais interessante, ainda que polêmico. O Sacrificed conta com uma vocalista
mulher. Vocês sabem que isso remete direto a estilos como o Gothic Metal ou
Symphonic Metal, o que não é ruim, mas não é exclusividade de bandas com vocais
femininos. No novo disco, vocês conseguem se desvencilhar disso e sem forçar,
enfim, soando como uma banda de Metal e ponto. Certo?
Sérgio: Certo!
Acho que isso tem muito a ver com nossas influências, apesar de gostarmos de
Gothic/Symphonic Metal, o Heavy e o Progressivo ainda são nossa principal fonte
inspiradora. Além da proposta da banda ser baseada em uma sonoridade mais
moderna, a nossa imagem também mostra o que somos.
Como
eu disse na resenha que fiz do trabalho (N.E.: a resenha pode ser lida aqui),
o instrumental traz versatilidade, criatividade, mas nada que queira saltar fora
da casinha e se perder num mundo tão gigantesco como é o do Heavy Metal. Como
foi chegar a esse equilíbrio e qual a principal preocupação da banda neste
quesito?
Sérgio: Foi
um trabalho árduo. O Heavy Metal moderno traz um peso maior, é um estilo mais
agressivo e balancear o instrumental com a voz e a sonoridade que queríamos
entregar foi desafiador. Durante a composição tivemos que ponderar algumas
coisas, ajustar, mudar, etc. A preocupação para esse trabalho foi justamente
essa: o equilíbrio. Inclusive na adição de elementos diferentes do que se ouve
no Heavy Metal. Queríamos algo diferente, mas sem forçar a barra.
As
linhas vocais de Kell Hell estão impressionantes, mostrando técnica de uma
forma natural e casando perfeitamente com o estilo. Como foi trabalhar as
linhas de voz neste disco que, claro, contou com mais sete anos de experiência?
Sérgio: Desde
o primeiro CD, a prioridade na Sacrificed foi as vozes. Para que nesse álbum
houvesse um salto bem grande. A ideia era ser algo com dinâmica, com intensidade
nas horas mais fortes e sutil quando necessário, criando várias ambiências e
sensações em quem ouve. Todo esse período entre trabalhos, foi importante para
que a Kell desenvolvesse novas técnicas vocais e uma versatilidade maior. Até
mesmo o Diego, que antes cantava apenas nos shows, mostrou sua evolução nos
vocais. Uma curiosidade. A gravação dos vocais foi o que mais tomou tempo. Além
de gravarmos muitas linhas mesmo, a Kell adoeceu no processo, então foi
realmente um sacrifício concluir o trabalho (risos).
Não
bastasse isso, “Enraged” traz também influências da música brasileira. Até que
ponto a nossa rica música influencia na banda e no que vocês destacariam essas
passagens?
Sérgio:
A grande questão é: como não ser influenciado pela nossa rica música
brasileira? Faz parte da nossa formação, faz parte do privilégio de sermos
brasileiros. Mesmo voltados para o Heavy Metal, crescemos escutando Djavan,
Ivan Lins, Novos Baianos, Elis Regina, Tim Maia, Clube da Esquina. Em algum
momento tudo isso passou pela nossa vida, com diferentes intensidades. Acabamos
agregando um pouco disso também ao nosso trabalho.
No
contexto lírico, o que vocês tentam passar em “Enraged”? Sei que as bandas não
gostam muito de falar sobre isso e deixar interpretações abertas, mas qual a
mensagem em comum no álbum?
Sérgio: O
álbum tem letras que fazem a gente olhar “pra dentro de si”. O título “Enraged”
(traduzindo: enfurecido) traz nossos sentimentos em relação à vida, ao mundo e
como temos que lidar com isso, com toda essa loucura. Temos muito do que nos livrar e nos proteger.
Esse trabalho fala do ser humano, de como somos frágeis e como temos que ser
fortes.
A
música escolhida para o primeiro videoclipe foi Meet Your Fate, que abre o trabalho. Por que a escolha dela e como
foi trabalhar no vídeo? Aliás, o vídeo é outra coisa que soa bem de acordo com
a proposta do álbum, em todos os sentidos, se é que me entende.
Sérgio:
Achamos
que essa música resume bem toda a obra. É uma música acelerada, pesada, com
elementos interessantes de percussão e com vários climas. Só aí já nos
proporcionaria um clipe bem rico. O trabalho foi muito prazeroso e
interessante, foram dois dias de gravação. No primeiro dia foi a filmagem da
história, de um psicopata que planeja “dar um fim” em todos da banda (risos), e
no segundo dia foi a gravação da banda (de longe o mais cansativo). O cenário
foi todo produzido por nós e a produção do clipe ficou por conta do Bruno
Paraguay (vocalista da banda mineira Eminence).
“Enraged”
saiu pela Shinigami Records. Como chegaram a essa parceria, como foi e como é
trabalhar com este selo que sempre apoia bandas brasileiras?
Sérgio: Trabalhamos
com o Willian desde o primeiro CD. Muita gente não sabe, mas fomos a primeira
banda nacional que a Shinigami lançou no Brasil. Quando terminamos as
gravações, a primeira pessoa que procuramos foi ele, por uma questão de
gratidão e principalmente pelo excelente trabalho de distribuição. Hoje a
Shinigami é uma das poucas distribuidoras na luta, trazendo material de altíssima
qualidade em todos os sentidos. Pra gente é uma honra participar desse time.
Por
fim, quais os planos da banda, além de divulgar o segundo disco? Tanto para
este resto de ano, quanto para o ano que vem?
Sérgio:
Até
o fim de 2018 vamos fazer shows por Minas Gerais para divulgar o trabalho. Em
dezembro será lançado um disco tributo ao Deep Purple, o qual participamos e
até o fim do ano lançaremos um lyric vídeo de uma das faixas do Enraged. Em
2019 vamos mais longe. Temos datas no Nordeste que iremos divulgar em breve e
já está sendo preparada uma turnê fora do país, que também divulgaremos em
breve.
Pode
deixar uma mensagem.
Sérgio:
Gostaríamos
de agradecer a equipe do ARTE METAL pela atenção conosco e agradecer a todos
que acompanham o nosso trabalho. Quem está nos conhecendo agora, sejam muito bem-vindos
e vamos levar o Heavy Metal brasileiro para o mundo! Grande abraço a todos.
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