terça-feira, 10 de março de 2020

Você superior porque escuta Rock e Heavy Metal?




Por Vitor Franceschini


Não há dúvidas que o Rock and Roll com sua infinidade de subgêneros e vertentes é um dos estilos mais populares do mundo. Não há o que discutir, são fatos que, com muita força do cenário underground e alternativo, mostram que há música pesada em todo o globo terrestre (com exceção do oceano, é claro). Portanto, pelo fato de ser uma música extremamente popular – sim, o é – o Rock and Roll sofre como qualquer outro estilo de com altos e baixos.

O estilo tem música ruim, boa e ótima, mas que não se define necessariamente pela técnica exercida, afinal, técnica não significa qualidade. O que é muito comum dentro do cenário, são pessoas que ouvem Rock, por consequência Heavy Metal, se sentirem superiores a pessoas que ouvem outros estilos, principalmente os que a mídia de massa impõe aqui no Brasil, tais como Funk carioca, Sertanejo Universitário (urghh!) e Pagode, para citar os principais.

Isso acaba virando uma bola de neve. Afinal de contas, não é exclusividade de rockeiro essa teoria absurda. É muito comum ver fãs de MBP soando arrogantes e pagando de pseudointelectuais porque ouvem uma música que não pertence à massa e supostamente sofisticada, além de inspiradora e intelectualmente superior. Balela, quem dirá os fãs do verdadeiro jazz e de música clássica que provavelmente estão no topo desta ‘sofisticação musical, e que realmente são gêneros que exigem músicos de alto nível ou a execução de composições nos estilos seriam impossíveis, diferente de Rock, MPB, etc...

Mas isso não significa que jazz e música clássica são legais somente por ser música sofisticada e obrigatoriamente bem tocadas, muito menos que os apreciadores são seres humanamente superiores. Aliás, a expressão ‘humanamente’ coloca tudo isso abaixo, pois somos seres iguais em capacidade e assimilação, onde depende somente de nós trabalharmos isso para que possamos absorver mais e mais conhecimento.

 Cultura abrange muito mais daquilo que vemos ao nosso redor e não corresponde somente a sofisticação, aliás, o Rock está longe de ser algo soberano neste sentido, pois fundiu-se com diversos outros gêneros musicais para chegar onde chegou, sem contar que descende de outros. Posto isso, julgar aquilo que não gosta como lixo cultural e se sentir superior pelo gosto musical é de uma limitação e incoerência que só pode ser vinda de egos onde é possível se suicidar saltando de cima deles.

*Vitor Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Tem uns gostos musicais duvidosos.

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