terça-feira, 23 de abril de 2013

Entrevista






Há pouco mais de um ano o guitarrista Rafael Augusto Lopes (Eternal Malediction, ex-Torture Squad) decidiu deixar os palcos e dedicar-se apenas a sua carreira como produtor. Mesmo assim ele não parou de compor e desta feita surgiram as músicas que fariam parte do primeiro álbum de seu projeto denominado Fanttasma. Ao lado do vocalista Thiago Andrade (Deadly Curse) e do baterista Rafael Galbes, Lopes gravou o álbum “Another Sleepless Night” que já desponta como um dos melhores trabalhos nacionais de 2013. Conversamos com o guitarrista sobre seu novo projeto e tudo que o envolve em uma entrevista direta e sem meias palavras. Deleite-se.

Conte-nos como surgiu a ideia do projeto (se é assim que podemos nos referir)? Enfim, o que o levou a retornar a compor após 1 ano dedicando-se a sua carreira de produtor?
Rafael Augusto Lopes: Na verdade eu nunca parei de compor, foi justamente por ter um monte de músicas paradas que iam ficando no meu HD que eu resolvi fazer um projeto. E sim, podemos chamar de projeto mesmo, pelo menos por enquanto.

Como foi compor “Another Sleepless Night”? Houve participação de Thiago Andrade (vocal, Deadly Curse) e Rafael Galbes (bateria) na concepção do álbum?
R.A.L.: Eu compus o álbum sozinho justamente por ter composto cada coisa em épocas diferentes, algumas ideias do álbum tem bastante tempo já, mas o Thiago e o Rafael foram essenciais ao disco, pois executaram com perfeição e realmente abraçaram o projeto. No próximo eles terão mais participação, este, assim espero, foi apenas o primeiro.


Em uma declaração sua antes do lançamento do trabalho você disse que pretendia fazer algo musicalmente livre. Isso fica latente ao ouvir o álbum, mesmo as músicas pendendo para algo mais na linha Doom Metal. Fale-nos um pouco mais sobre isso e a sonoridade contida em “Another Sleepless Night”?
R.A.L.: Pra ser sincero eu não planejei a sonoridade do Fanttasma, esse lance do álbum ser lento e mais Doom simplesmente aconteceu. Um dia, já com o trabalho mixado, mostrei pra um amigo e ele disse que as pessoas iam se chocar pelo fato do álbum ser lento o tempo todo, aí que eu me toquei que o álbum era sempre cadenciado, mas até então eu nem tinha pensado muito sobre isso. (risos)

É complicado falar da temática de um trabalho, muitos músicos não gostam. Mas pela sonoridade peculiar do Fanttasma, é curioso saber quais temáticas a banda aborda. Fale-nos um pouco sobre isso?
R.A.L.: Assim como a música os temas são bem livres, em geral falamos de coisas simples. Corona fala sobre o sol, por exemplo, do nosso jeito. Metropolis trata de consumismo e o fato de sua vida, estar constantemente programada desde o berço pra querer coisas e produtos. Faith In Vengeance fala sobre Conan, o Bárbaro. (risos)... Ou seja, os temas variam.



Não tem como não mencionar isso. Diante de riffs soturnos e pesados, vocês decidiram incluir um saxofone em alguns momentos, como na belíssima faixa The Night Fever, por exemplo. Como surgiu essa ideia?
R.A.L.: Eu sempre quis misturar sax com guitarra dessa forma e nunca havia tido a oportunidade, mas com o Fanttasma era a hora certa. Aquela melodia da The Night Fever tinha sido originalmente gravada na guitarra, mas simplesmente não funcionava, resolvi usar no sax e quando o Herrera tocou aquela melodia no sax na minha frente pela primeira vez eu me arrepiei, soube na hora que o sax era o ‘cara’ certo.


A participação de Áscaris (ImperiumInfernale), Fernanda Lira (Nervosa), Daniel Wergan (ex-Dying Embrace, Antiqua), além do saxofonista Herrera, somaram muito no trabalho. Como foram escolhidos os convidados e como foi trabalhar com eles?
R.A.L.: O Áscaris é meu amigo pessoal há muitos anos, já gravei ele inúmeras vezes, conheço a voz dele e sabia em que partes eu queria que ele cantasse. Trabalhar com ele é bem fácil. Conheço a Fê (Fernanda Lira) há um bom tempo já, também é minha amiga desde antes da Nervosa, uma vez conversando com o Rafael, nosso baterista, sobre quem chamar pra cantar a Life Is War, ele disse na lata, aí eu liguei e a convidei, ela aceitou na hora e abraçou totalmente também. O Daniel eu já havia gravado quando ele cantava na banda Dying Embrace, a voz dele é fantástica, quando pensei nas vozes limpas eu sabia que ele era o cara. Já o Herrera foi um acaso. Um dia meu pai viu, por acaso, um show dele e lhe pediu um cartão. Eu o chamei e ele também abraçou a ideia. Eu agradeço muito a todas essas pessoas, pois eles são os responsáveis pela qualidade final do álbum.

A arte da capa é outro fator que chama atenção em “Another Sleepless Night”, já que o artista Carlos Cananéa trabalhou inspirado no Expressionismo (movimento artístico e cultural de vanguarda surgido na Alemanha no início do século XX. Compreende a deformação da realidade para expressar de forma subjetiva a natureza e o ser humano). Como foi a concepção da mesma e como surgiu a oportunidade de trabalhar com Cananéa?
R.A.L.: O Carlos fez a arte gráfica do debut do ImminentAttack, que é um primor. Quando eu vi aquilo eu sabia que queria ele fazendo a capa. E fui muito feliz na minha escolha, pois o cara é muito bom. A arte do álbum, pra mim, ficou perfeita. Eu sempre gostei de Expressionismo e Impressionismo e pedi algo inspirado em Van Gogh pra ele. Mandei uma música pra que conhecesse o som e foi isso. O cara é foda.

Infelizmente, o álbum foi lançado somente em formato digital. Por que optaram em lançar somente desta forma? Há alguma oportunidade de termos “Another Sleeples Night” em formato físico de CD?
R.A.L.: O álbum físico está sendo negociado e deverá ser lançado em breve, não posso precisar uma data ainda, mas vamos anunciar através da nossa página no Facebook, quem quiser se manter informado sobre o que está rolando com o Fanttasma vá em https://www.facebook.com/fanttasmamusic 

Aliás, qual tem sido a repercussão do trabalho tanto por parte da crítica quanto pelo público?
R.A.L.: Muito melhor do que eu esperava. Tenho recebido muitas mensagens de todo lugar do Brasil, que significa que esse estilo é apreciado por muita gente aqui e não só na Europa ou qualquer outro lugar. A sonoridade do Fanttasma é um pouco diferente e pra quem me conhece apenas do Torture Squad parece uma mudança absurda, mas na verdade eu sempre ouvi esse tipo de coisa.

Vocês têm ou pretendem se apresentar ao vivo? Se sim, há alguma coisa já em vista?
R.A.L.: No momento vai ser difícil, pois somos um trio e precisaríamos de mais um guitarrista, um baixista, saxofonista mais os convidados do álbum, isso, no momento não rola. Mas no futuro queremos sim fazer algo diferente, com a nossa cara, ao vivo. Então na verdade precisamos de tempo para nos organizar e viabilizar isso.

Sei que é cedo para perguntar isso, mas há intenção de manter o Fanttasma na ativa? Enfim, poderemos esperar mais trabalhos da banda no futuro?
R.A.L.: Com certeza! O segundo álbum já está sendo composto, pretendo sim manter o Fanttasma na ativa.

Este espaço é para deixar uma mensagem aos leitores.
R.A.L.: Primeiramente muito obrigado ao Arte Metal pelo interesse em nós e pelo espaço cedido. E a todos que tem apoiado o Fanttasma de qualquer forma e nos dado força, seja comprando nosso álbum online ou divulgando nossa arte por aí, valeu a todos!

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