Gilson Rod é
proprietário da agência Imperative Music e um verdadeiro batalhador e amante do
underground. Há anos vem se dedicando ao trabalho e divulgação de bandas, e
desde 2009 lança a coletânea que leva o nome de sua agência divulgando bandas
de todo o mundo. Nada melhor que o próprio Gilson, para contar mais sobre seu
trabalho e o que estar por vir.
Primeiramente
gostaria que você se apresentasse Gilson, afinal conhecemos você somente como o
mentor das coletâneas Imperative Music. (risos)
Gilson:
Eu sou Brasileiro, tenho 40 anos e a minha entrada na música pesada iniciou
quando eu tinha 12 anos de idade e meu irmão mais velho ouvia Kiss,
praticamente eu preferia brincar de bola, jogar bolita, Atari (N.E.: empresa de
produtos eletrônicos, e uma das principais responsáveis pela popularização dos
video games), mas acabei acostumando e gostando, depois comecei a comprar os
LPs (vinil) de bandas como Twisted Sister, Pink Floyd, Judas Priest, porém o
que me fez cair de cabeça no Metal foi o fantástico e incrível álbum “Master of
Puppets” do Metallica em 1986. Logo que foi lançado nos Estados Unidos, e deste
então eu comecei a querer ouvir outras bandas de Thrash Metal, eu estava
vivendo o momento quando Metallica, Slayer, Kreator, Sepultura estavam lançando
os seus primeiros álbuns. Também eu devo ter comprado uns 200 fanzines,
revistas como o Metal Forces, Metal Maniacs, Rock Brigade para ler as
entrevistas das bandas e me corresponder com os fãs/headbangers. Eu fui editor
de vários fanzines como The Book of Monarch, Alchemist Magazine, Metaled, Sound
Riot, tive loja para vender material das bandas, e mais tarde, em Março de
1994, trabalhei na Gravadora Sound Riot Records, o primeiro serviço postal de
vendas de CDs distribuindo material inédito das gravadoras como Misanthropy
Records, Napalm Records, Osmose, Holy Records, Century Media, Nuclear Blast,
Pagan Records, Cold Meat Industry, entre outras, também as Demo-tapes e
compactos em vinil do Rotting Christ, Samael, Dark Tranquillity, My Dying
Bride, Behemoth, sim, quando essas bandas estavam bem no começo, pequenas e
desconhecidas no Brasil, a gente trouxe para cá este material para introduzir a
música Underground no Brasil, e até o Black Metal foi a Sound Riot que deu
nascimento a raiz, pois na época o pessoal estava mais ligado ao Thrash Metal e
Death Metal. Eu era uma máquina assassina, fiz tudo e muita coisa pelo
Underground e pela Cena Brasileira, dentro das minhas possibilidades e
condições financeiras. A gravadora Sound Riot Records editou mais de 30
Bandas/CDs incluindo o Requiem (Finlândia), Chain Collector (Noruega),
Frostmoon (Noruega), Svartsyn (Suécia) com edições europeias e japonesas dos
CDs. Eu aprendi os lances de negociar a distribuição dos CDs nas lojas e
distribuidoras, os esquemas que trabalhei para licenciar os CDs pela Massacre
Records (Alemanha), Limb Music (Alemanha), Marquee Avalon (Japão), Soundholic
(Japão), Stay Gold/Art Union Records (Japão) com contratos assinados e também
como melhor divulgar/promover os lançamentos ao redor do mundo. Naquela era, o
investimento por banda/lançamento foi de R$ 10 mil reais até R$ 30 mil reais,
isso não foi apoiar as bandas? Infelizmente com a crise mundial, a baixa das
vendas de CDs originais (como o pessoal baixava de modo gratuito os álbuns) a
gravadora faliu e acabou em 2006, assim como muitas outras, mais de 50
Gravadoras que existiam naquela época, sumiram do mapa, e hoje em dia, podemos
contar no dedo quem sobrou, apenas as grandes. Você sabe, para investir, as
gravadoras precisam vender os produtos, pois parte é lucro e outra parte é para
investimento futuros na prensagem dos CDs, pagar estúdio, masterização, capa,
contador, taxas e taxas para o governo. Uma grande experiência de 12 anos. Então,
nasce a Imperative Music em 2005 como Assessoria de Imprensa, fizemos trabalhos
para bandas como Craving (Alemanha), Fadeout (Finlândia), Osukaru (Suécia),
Territory (Uruguai). Então em maio de 2009 lançamos o primeiro volume de nossa
Coletânea CD com distribuição e divulgação mundial, dando oportunidade para as
novas bandas terem este serviço profissional para se lançar no mercado internacional.
Atualmente eu faço faculdade de Administração; Comércio Exterior, mas ainda
dedico o meu tempo e esforço com a cena do Metal, e organizando projetos
juntamente com as parcerias aqui no Brasil e resto do mundo para manter o Metal
vivo, e quem sabe, voltarmos aos velhos tempos e velhos hábitos de colecionar
CDs originais, flyers, cartazes de shows, ir aos concertos das bandas underground,
ter as t-shirts (camisetas) das bandas favoritas, trocar ideias e ouvir som no
final de semana na casa dos colegas, isso era o Metal de antes. Eu sei que
coisas novas e novas atitudes sempre surgem no mundo, e tudo foi e é difícil em
se tratando da estrutura do Metal, mas estamos fazendo a nossa parte sem
competir, pois o principal motivo é manter a existência do Metal, de um modo ou
de outro! Eu sei que alguns novos fãs não sabem que algumas gravadoras, hoje em
dia eles não pagam nada para as bandas no caso de despesas de estúdio, a
própria banda que tem que pagar tudo, e como podemos ver, muitas bandas lançam
independente, pois nem a gravadora quer pagar a prensagem do CD. Fica muito
difícil para uma banda brasileira já que nossos salários são limitados, assim,
você que estiver lendo essa entrevista ver uma banda pedindo doação em um website,
ajude e compartilhe com o projeto, pois a coisa não é fácil e sua cooperação é
essencial para manter o Metal.
Como
você se iniciou no Metal? Enfim, na música underground?
Gilson:
Bem,
falar o dia e mês não me lembro direito (risos), mas algumas coisas começaram
nos anos 90, colaborei numa rádio de Rock local, depois fiz os fanzines,
comprei toneladas de LPs, Demos, EPs, CDs, abri loja, depois trabalhei na
gravadora, no serviço postal de vendas materiais underground, e agora
recentemente na Imperative Music.
E
como surgiu a ideia de lançar a coletânea Imperative Music? Qual o objetivo
disso?
Gilson:
Eu estive por muitos anos em contato, negociando, trabalhando com empresas
(gravadoras, distribuidoras, lojas, licenciadores e a mídia) da Europa, Estados
Unidos, America do Sul e dos países asiáticos. Eu fiz uma fusão do que aprendi
durantes esses anos nas várias experiências que tive na vida e no mundo da
Música. Penso que a coletânea pode ajudar as bandas em muitos meios; ganhar
novos fãs, reconhecimento na cena, serem entrevistados, vender o material
deles, receber convite para participar em festivais ou shows, e até conseguir
um contrato com uma gravadora. Muitas rravadoras como a Metal Blade, Century
Media, Nuclear Blast Records pedem a biografia das bandas juntamente com o CD
com as músicas da banda, por exemplo, se houver dados na biografia que dizem
que a banda já fez 100 concertos no país inteiro, investe 2 horas por dia para
divulgar e responder aos fãs da banda nas redes sociais, ensaia 2-3 vezes por
semana, ter um vídeo-clip profissional, usar equipamentos bons... Todos os
membros da banda pegam aula com professores profissionais para desenvolver e
ampliar a sua musicalidade, t-shirts disponíveis, e claro, mencionar a grande
divulgação e distribuição onde teve por parte da coletânea da Imperative Music
faz o manager da gravadora ter uma noção que a banda já é reconhecida na cena e
já foi ouvida por muitas pessoas, etc. O nosso objetivo é proporcionar algo
profissional para as bandas relativo à exigência do mercado internacional.
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Keflar (Holanda), uma das bandas participantes da coletânea |
Quais
as maiores dificuldades você encontra na hora de montar o cast das coletâneas?
Como você contata as bandas?
Gilson:
A confiança e negociação com as bandas tanto do Brasil como as estrangeiras tem
sido muito boa, pois apresentamos e assinamos um contrato com todas as clausulas,
garantindo segurança e compromisso sério. Quando a coisa é boa, todo mundo
consegue ver e aceitar com naturalidade a nossa proposta, e como estamos aqui
para apoiar a música que respeitamos, o “Metal/Rock”, temos paciência e
habilidades para coordenar os que são experientes ou menos experientes. Na vida
devemos entender que quando mais você sabe, não apenas você pode ser capaz de
ensinar e ajudar, mas também aceitar que o outro tem o direito e todo o tempo
do mundo para aprender aquilo que você levou anos estudando, planejando,
trabalhando. Usamos o Facebook ou e-mail para estar em contato com as bandas.
As
coletâneas Imperative Music contam com bandas já de renome no underground e,
por outro lado, com nomes quase que desconhecidos. Você procura mesclar essas
bandas?
Gilson:
Eu aprendi lendo os fanzines e quando eu tive contato direto com muitas bandas
grandes, eles apoiavam as bandas pequenas. Isso acontece na Suécia, a banda
grande sai na fotografia vestindo uma t-shirt de uma banda nova, ou indica a
banda para uma gravadora. Eu nunca gostei de competição e como aqui no Brasil é
conhecida a tal da “panelinha”, nem sei se existe hoje em dia essa coisa
ridícula, eu falo isso, pois temos que seguir o bom exemplo, a união é o
fortalecimento da cena nacional. Aceitamos para de Heavy Metal ou as mais
pesadas de Death Metal, Thrash Metal, etc. Sim, tivemos o Obituary (EUA) da
Relapse Records e o Epica (Holanda) da Nuclear Blast Records no volume 8 e no
volume 9 teremos outras boas surpresas! As novas bandas merecem a oportunidade,
e a evolução musical vem com o tempo, então as bandas vão aprendendo o caminho
certo para realizar as coisas.
Aliás,
percebo que você tem dado uma atenção especial com as bandas asiáticas.
Gilson:
No Japão e outros países daquele lado, eu consegui ter um relacionamento
profissional muito bom, o povo é bem legal havendo seriedade, honestidade em
tudo que se faz, então a Imperative Music está falando a mesma língua daquele
povo (risos). Eu vejo eles quase como os brasileiros, temos muita criatividade,
mas nos falta outras coisas, pois a perfeição da estrutura do Metal está nos
Estados Unidos e Europa. Os outros continentes faltam ter melhores estúdios de
gravação, um Wacken entende?
E
como surgiu a oportunidade de ter o CD produzido nos EUA e masterizado na
Alemanha?
Gilson:
Meus contatos que tenho até hoje, desde os anos 90 e fazendo parcerias com a
intenção de realizar um trabalho profissional.
Como
funciona o trabalho de distribuição, já que a coletânea é distribuída no mundo
todo?
Gilson:
O CD é 100% gratuito, os fãs recebem junto com o catálogo de serviço postal das
gravadoras, ou na loja, a pessoa não paga nada. Cada distribuidor recebe uma
quantidade de CDs, enviamos para eles por Priority Mail pelos Correios.
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Ethereal Sin, banda japonesa que participou da coletânea |
Como
tem sido a aceitação tanto do público, como da crítica para com a coletânea?
Gilson:
Estamos no volume 9, a confiança e interesse apenas cresce e novas parcerias estão
surgindo. O público acha interessante ouvir as novas bandas e uma coletânea com
bandas do mundo todo, é só imaginar um cara na China, Alemanha ou Austrália
ouvindo uma banda Brasileira, é algo exclusivo e raro, os japoneses mesmo
adoram as bandas Brasileiras. A mídia em geral gostou da ideia desse projeto
reunindo bandas de diferentes países e estilos musicais, e a qualidade da coletânea,
já que é fabricado nos Estados Unidos, artwork e masterização profissionais. Cada
um encontra pontos positivos, e estão divulgando com resenhas, compartilhando
likes no Facebook.
Você
já pensou em lançar álbuns de bandas através da Imperative Music?
Gilson:
Além da Imperative Music, eu estou fazendo a faculdade e outros estudos. O
tempo fica completo todos os dias, acho que me falta o tempo para ter uma
gravadora agora. Porém o meu papel no universo, fazendo as coletâneas é o que
eu posso fazer neste momento para ajudar as bandas.
Foi
anunciado no próximo volume a participação do Obituary no disco. Como aconteceu
esse contato e como você se sente em trabalhar com essa lenda do Death Metal?
Gilson:
Eu sou fã deles desde o primeiro álbum “Slowly We Rot” de 1989, e a gravadora
deles, a Relapse Records eu conheço desde quando eles fundaram o selo, somos
amigos por muitos anos, e fazendo negócios. Opa, é um grande prazer ter
Obituary na coletânea da Imperative Music, e eles apoiando este projeto nosso,
é uma assinatura de aprovação de grandes músicos e verdadeiros apoiadores do
Metal, ainda que nós estejamos no Brasil e somos pequenos, o Metal é mundial,
uma grande família, entende, um ajuda o outro. Essas são as bandas apresentadas
na Imperative Music Compilation Cd - Volume 8; Epica (Holanda), Elephant
(Brasil), Obituary (Estados Unidos), Killrazer (Australia), Fallen From Skies
(Uruguay), Agni Kai (Macedonia), Guilty As Charged (Belgica), Fragmenta
(Australia), Numbness (Brasil), Winterhearth (Canada), Spit (Brasil), Meltdown
(Suiça), Seconds To End (Novo Mexico), Marenna (Brasil), Kingdom Stone
(Brasil), Harry Loisios (Holanda) E Shepherd (Taiwan).
Outra
notícia bombástica foi a de que a Nuclear Blast irá distribuir o volume 8. Como
surgiu essa parceria com um dos maiores selos do Metal mundial?
Gilson:
A Nuclear Blast é a maior gravadora de música pesada da Europa, que lançou
grandes bandas e mantendo o seu objetivo e luta na preservação do Metal.
Também, eu tenho contato com eles já alguns anos e experiências passadas. É com
eu disse, a Cena do Metal é apoiar um e o outro, não importa quem é o maior e
quem é o menor na história, somos uma grande família lutando e trabalhando pelo
Metal mundial!
E quais as outras
novidades da Imperative Music?
A Imperative Music está
trabalhando no volume 9 da Coletânea para lançar em Nov/Dezembro de 2014. E na
Coletânea CD volume 9, oficialmente, nós apresentaremos os Ingleses Devilment,
a nova banda de Dani Filth do Cradle of Filth (Nuclear Blast Records) e a banda
Abysmal Dawn (Relapse Records). Para 2015 continuaremos a lançar mais coletâneas,
portanto, as bandas podem escrever e pedir o contrato, nós estamos aqui de
portas abertas. Também voltaremos a prestar serviços de assessoria de imprensa,
bandas podem ir escrevendo e pedir mais detalhes para divulgar a sua banda
tanto no Brasil como no estrangeiro.
Obrigado pela
entrevista Gilson. Pode deixar suas considerações finais.
Gilson: Vitor, muito
obrigado pela oportunidade para apresentar este projeto da Imperative Music e
as bandas que estão participando conosco. Também deixo meus agradecimentos a
todas as outras pessoas que estão ajudando e apoiando, todos nós juntos
manteremos o Metal vivo e fazendo muito barulho. Tudo é possível, acredite na
sua música, faça o melhor e estaremos aqui para dar aquele empurrão para levar
sua banda mais longe, a um nível profissional e internacional! Um abraço para
todos!
Parabéns Gilson pelo excelente trabalho!!
ResponderExcluirAnderson
HAMMATHAZ