Por
Vitor
Franceschini
Com o fim da ótima
banda Bywar, o aqui guitarrista, vocalista e sintentizdores Adriano Perfetto
viu a chance de colocar seu projeto de vez na ativa. Daí surgiu o Timor Trail,
banda de Doom Metal que tem sua formação completada por Ricardo Baptista
(guitarra, Pastore, Laudany), Cesar Lopes (baixo) e Edill Alexandrino
(bateria). Com um EP auto-intitulado lançado em 2015, a banda conseguiu abalar
as estruturas do underground e chamar atenção. Agora rumam a vôos mais altos,
como conta Perfetto e Baptista nesta entrevista.
Conte-nos
um pouco de como surgiu o Timor Trail, afinal ‘já’ se vão dois anos desde o
surgimento do grupo?
Adriano
Perfetto - A banda surgiu de um projeto que eu tinha ainda nas
épocas de Bywar, alguns riffs já existiam com andamentos mais rápidos e algumas
letras também já haviam sido escritas. Quando o Bywar encerrou suas atividades
em 2013, pude me dedicar totalmente a esse projeto que acabou se tornando minha
banda oficial, aí foi só juntar a galera e fazer a coisa toda funcionar.
A
sonoridade voltada ao Doom/Stoner Metal que o grupo apresenta no primeiro EP
auto-intitulado sempre foi o foco de vocês ou deixaram fluir?
Adriano
Perfetto - Na verdade nunca pensei em focar num certo estilo
de música, nem quando eu tocava Thrash Metal ficava me policiando o que fazer
ou como deveria vir a soar minhas composições. A sonoridade do Timor Trail é
algo que veio naturalmente devido às minhas influências de bandas como Black
Sabbath e outras da cena clássica do Heavy Metal… Muitas vezes penso que o
Timor Trail na verdade é uma banda de Metal ‘old school’, com muitas
influências nos anos 70 e 80.
Aliás,
os integrantes da banda vêm de escolas que passam pelo Thrash Metal, Gothic
Metal e Heavy Metal. Na hora de direcionar o som do Timor Trail é difícil se
desvencilhar de suas raízes ou vocês sempre procuram aproveitar cada coisa boa
que flui naturalmente?
Ricardo
Baptista - Para nós é importante que as músicas tenham
coerência entre si na sonoridade, pois é assim que se forma a identidade de uma
banda. Mas também tomamos o cuidado de fazer com que cada uma de nossas músicas
tenham seus próprios elementos, para que tudo não soe entediante e repetitivo
para o ouvinte. E é aí que entram as influências e as raízes de cada membro da
banda. Felizmente fazemos um estilo de som que permite que coloquemos muitas
idéias de outros estilos em nossas músicas, mas na medida certa.
Muitas
bandas hoje em dia optam por lançar direto um álbum completo. Vocês optaram por
EP. O que os motivaram a lançar em tal formato?
Adriano
Perfetto - A ideia de lançar primeiramente um EP foi
da vontade de lançar algo logo antes de gravar um full-lenght, onde nos tomaria
mais tempo de gravação e iria necessitar de uma qualidade muito melhor de
mixagem e masterização. Esse EP é simplesmente um cartão de visita, para o
público ter uma ideia de como será a sonoridade da banda e o que iremos
apresentar daqui pra frente, é claro que nossa ideia é sempre estar inovando ou
buscando elementos sonoros para que nosso som seja sempre original.
E
como foi compor Timor Trail? Enfim,
qual a metodologia da banda na hora de compor?
Ricardo
Baptista - Essa música, Timor
Trail, o Adriano chegou com a música e a letra, e durante os ensaios fomos
adicionando os arranjos, como o solo de guitarra, por exemplo. Queríamos que
essa música fosse marcante e sintetizasse o estilo da Timor Trail, uma vez que
ela leva o nome da banda. Você pode perceber, ao escutá-la, que ela carrega
influências de Doom Metal, mas também traz elementos de Stoner/Sludge, como no
refrão. Essa música teve algumas alterações de estrutura e riffs em relação à
versão original, até chegar em um ponto onde sentimos que estava pronta para
ser gravada. A metodologia da banda para compor foi basicamente a mesma para as
demais músicas.
Qual
a vantagem de trabalhar com músicos experientes já no cenário metálico, porém
buscando uma sonoridade diferente da que já fizeram em suas outras bandas? E
quais as desvantagem, afinal nada é perfeito (risos)?
Adriano
Perfetto - Não teve nenhuma desvantagem (risos) pelo
contrário, está sendo muito legal tocar e fazer música com músicos de
diferentes vertentes, isso deixa as composições mais ricas em termos de
arranjos, estamos trabalhando sério para o próximo lançamento e estamos tendo
muito cuidado para deixar o som com a nossa cara, para em nenhum momento um
certo estilo antigo de compor soar mais alto (risos).
Apesar
desse foco mencionado, o Doom/Stoner Metal, vocês não fecham o leque e
apresentam influências até de NWOHBM e Classic Rock em suas composições.
Primeiro, vocês concordam com isso e em segundo lugar, o objetivo é não fechar
esse leque, mas manter uma característica?
Adriano
Perfetto - Exatamente, gostamos muito de Doom Metal, na sua
forma mais clássica e o Stoner veio nessa onda com influências em bandas dos
anos 90, mas como já havia sido dito, não fechamos o leque para outras
influências, temos gostos bem variado, eu particularmente curto muitas coisas
desde o Heavy Metal melódico até o Death Metal, aprecio músicas de outras
culturas também, como as orientais, acho que isso enriquece demais o momento de
compor.
Foto: Ana Marilin |
O
ponto forte do trabalho são as bases de guitarras, até porque o estilo pede
força nesse instrumento. Como desenvolver linhas diferenciadas em meio a um
estilo que explora tanto essa área?
Ricardo
Baptista - Além da diversidade de influências, que
é grande na Timor Trail, a atenção aos detalhes é importante, para que cada som
tenha a sua característica própria. Nossas músicas alternam entre riffs rápidos
e empolgantes, e outros lentos e introspectivos. Além de o Adriano ter um
talento incrível para isso, nós viemos de vertentes do Metal ligeiramente
diferentes, assim quando criamos os arranjos de guitarras as nossas idéias se
complementam, o que é uma grande vantagem.
Aliás,
o Doom e o Stoner Metal estão em voga no underground, mas no Brasil, apesar de
um público fiel nunca estiveram no topo das preferências como vêem isso?
Adriano
Perfetto - O Stoner Metal é um movimento que vem crescendo
demais aqui no Brasil, portanto, o nordeste brasileiro apresenta uma cena de ótimas
bandas e isso já faz um bom tempo, acredito que essa mistura de bandas Doom,
Death com o Stoner vão atrair um público maior, vão fazer com que os bangers
olhem com outros olhos para esse estilo de muita qualidade musical.
Voltando
ao EP, vocês apresentam composições que possuem climas um tanto quanto maléficos
e até psicodélicos. Qual mensagem pretendem passar nos temas das músicas e essa
linha não melancólica (tão comum no estilo) foi algo proposital?
Ricardo
Baptista - A atmosfera das músicas da Timor Trail serve como
uma trilha sonora para as letras, portanto música e letra devem estar em
sintonia. As letras abordam temas como filmes de terror, ficção científica,
vida além da matéria, ufologia e viagens astrais. Logo, requerem ritmos
cadenciados, ora sombrios, ora mais agressivos. Além disso, o uso de
sintetizadores contribuem muito para esses climas, seja ele mais ‘dark’ ou
psicodélico.
A
repercussão do EP tem sido a esperada? Vocês obtiveram resposta de outros
estados, do exterior?
Adriano
Perfetto - Com certeza, foi melhor do que esperávamos, pois
como havia dito, não tivemos muito tempo de deixar o EP com uma melhor
qualidade, e ficamos um tanto quanto receosos ao que as pessoas iriam achar, mas
depois de um tempo começamos a comparar a qualidade de gravação com outras
bandas e percebemos que havia um bom material em mãos e sendo assim começamos a
ter sim uma boa resposta do público, redes sociais e mídia em geral. Hoje em
dia temos ótimas ferramentas de divulgação, algumas delas para que nosso som
fosse reconhecido lá fora é o SoundCloud e o Bandcamp.
E
como está a agenda da banda para esse final de ano?
Ricardo
Baptista - Optamos por não agendar shows a curto
prazo, pois estamos com foco total no segundo álbum. Durante o último ano nós
tivemos uma ótima repercussão com nosso EP, fazendo shows, lançando clipes ao
vivo e dando entrevistas para vários meios no Brasil. Assim que lançarmos o
segundo álbum seguiremos imediatamente com os trabalhos de divulgação.
E
quais os planos podem adiantar sobre um próximo lançamento?
Ricardo
Baptista - Já finalizamos a composição das músicas do próximo
álbum, e entraremos em estúdio ainda no final desse ano para começar a gravação
da bateria. Pretendemos regravar duas ou três músicas do EP neste próximo CD -
serão as músicas que tiveram a melhor resposta do público nos shows e na
Internet. A previsão de lançamento é ainda no primeiro semestre de 2017.
Muito
obrigado, podem deixar uma mensagem.
Adriano
Perfetto - Agradeço a galera do Arte Metal pelo espaço cedido,
obrigado de verdade! Canais de divulgação como o de vocês é importantíssimo
para o crescimento da cena do Heavy Metal em geral! E muito obrigado aos nosso fãs
e admiradores do bom e velho Metal…Curtam nossa página do Facebook e Youtube.!!
Valeu!!
Ricardo
Baptista - Valeu, Arte Metal, pela oportunidade de divulgarmos
nosso trabalho! O cenário do Metal no Brasil possui inúmeras bandas de ótima
qualidade, que precisam do total apoio de veículos de comunicação como esse
para promoverem sua arte! E, ao público: conheçam o som da Timor Trail, mostrem
aos seus amigos e ajudem-nos a divulgar mais ainda nosso som. E procurem
conhecer o trabalho de bandas novas, que surgem a todo o momento! Grande
abraço!
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