Por Vitor Franceschini
São dezessete anos de
carreira. Prestes a atingir a maioridade, a banda paulistana Evil Sense lança
seu debut “Fight For Freedom” (2017), após problemas com a formação e uma
grande expectativa de quem acompanha a banda. Estabilizada agora com Wagner
‘Capú’ (vocal / guitarra), Thaigo ‘Suco’ (guitarra), Hugo (baixo) e Ricardo
(bateria), a banda busca divulgar seu disco ao máximo e espaço para se
apresentar. Sobre este e outros assuntos, Thiago conversou com o ARTE METAL.
Agora
que “Fight For Freedom” foi lançado, qual a sensação de ter um debut finalmente
nas mãos do público?
Thiago
Suco: A Sensação de ver essa “cria” tomar forma é antes
de mais nada a realização de um sonho que foi construído através de muito
esforço e perseverança, pois sabemos como é difícil e caro apostar em som
autoral. Por esse motivo e também pela repercussão positiva que tivemos através
das resenhas que saíram após o lançamento. Então podemos dizer que a sensação é
de dever cumprido!
Aliás,
a banda está na ativa desde 2000 e até então havia lançado apenas demos. Por
que essa longa demora em soltar o primeiro disco completo?
Thiago:
Do Início da banda pra cá houve várias formações e antes do debut tivemos 3
demos, claro, que por razões de ordem financeira e pela constante troca de
integrantes um full não foi possível durante este período; sem contar é claro
com as dificuldades que estamos cansados de saber. O mais importante em nossa
opinião é que jamais desanimamos e como diz o ditado: antes tarde do que nunca!
(risos) Lançamos este ano o “Fight for Freedom”.
E como foi o processo
de composição deste trabalho, a criação mesmo do disco?
Thiago: O processo de
composição talvez tenha sido a parte mais ‘light’ do trabalho, pois algumas
composições já vieram das demos, outras não tinham sido registradas, mas já
eram executadas ao vivo. Então o trabalho maior foi mais na lapidação das
músicas que entraram no play, com exceção da No More Lies, que foi criada durante as gravações, ela nasceu do zero
tanto em riffs quanto na letra, mas ela em pouco tempo tomou forma e entrou no
CD.
Lembro
que quando vocês finalizaram o trabalho vocês soltaram uma nota falando do
processo de produção, que foi tranquilo, porém demorado. Pra ajudar houve troca
de integrantes. Como foi manter a serenidade, encontrar uma nova formação e
também manter a ansiedade, que deve ser o pior sentimento de todos quando se
está pra lançar um trabalho?
Thiago:
O processo de produção em si correu tudo bem. Gravamos no KW com o Dog que é
nosso brother de anos e já conhecia nosso som e na ocasião o Waine (filho do
Dog) era nosso batera, então estávamos em casa. A demora se deu mais por conta
de questões financeiras e também a questão de tempo, pois estava todo mundo
trabalhando pra cacete. Depois de tudo gravado e em fase de mixagem tivemos a
saída da cozinha numa porrada só. Nessas horas bate sim o desânimo, mas
conversei com o Capú e falei “cara agora é só a gente, vamo atrás de uns cabra
ai e vamo bota pra fuder” e foi exatamente o que fizemos; convidamos a fazer
parte da banda o Hugo e Ricardo (respectivamente baixista e baterista) os quais
já eram nossos amigos de longa data. A coisa funcionou tão bem que temos
recebido feedback do público dizendo que é a formação mais brutal até hoje!
Falando
da sonoridade do disco, vocês trazem nele momentos distintos que passam pelo
Thrash Metal e outros que nos remetem ao Speed Metal / Metal tradicional. Como
conciliar estes estilos sem mesclar e manter a característica da banda?
Thiago:
Hoje cada integrante do Evil Sense tem uma influência mais “acentuada” em
determinada vertente do Metal; seja ela Heavy, Thrash, Death ou tradicional;
então procuramos trazer um pouco de cada influência para as nossas composições,
claro, que com as devidas proporções sem fazer aquela ‘mistureba’ sem pé nem
cabeça, mas de um forma que o público tenha essa percepção das nossas influências.
Por outro lado, o lance de rótulo nós deixamos um pouco de lado e nos preocupamos
mais em fazer Metal e que agrade a nós e ao público!
Por
sinal, a faixa Império Headbanger - O
Ritual Metal traz muito do Metal dos anos 80. Vocês podem seguir esse
caminho um dia?
Thiago:
Os anos 80 são a base da parada né? Sim,
temos ideias para composições mais “old School” como a Império, mas dizer que é um (ou o) caminho é um pouco complicado,
pois pode nos limitar. Sabemos sim que devemos manter essa essência dos anos 80
(como fizemos no álbum, até na questão da sonoridade) e como o Metal (até mesmo
dentro do contexto anos 80) temos muito a explorar, então aguardem novidades!!
As
estruturas das composições, principalmente os riffs de guitarras chamam atenção
pela solidez. Esse foi o foco de vocês?
Thiago:
O foco das composições é tentar expressar em forma de riffs de guitarra algum
tipo de sentimento, seja ele ódio, reflexão, o que vai depender do contexto da
música. Grande parte dos riffs já haviam sido compostos e alguns por outros
músicos, e a ideia é de cada um imprimir sua pegada, seja em algo que outrora
havia sido criado e também nas composições mais novas. Mas de uma forma geral
nos preocupamos com a solidez e a estrutura das composições, para no final o
resultado ser agradável a nós e principalmente ao público.
Os
temas abordados falam de assuntos variados como religião, guerras, drogas,
política, problemas do nosso cotidiano e algumas psicodelias. Como vocês
encaixam esses diversos temas no Metal praticado pela banda?
Thiago:
A música nos dá essa liberdade de nos expressar, e no Metal procuramos abordar
sobre assuntos que muitas vezes incomodam as pessoas. O Metal de uma certa
forma é uma de contracultura né? Acho que não cairia bem falar de amor (ou da
falta dele, deixamos para os outros gêneros musicais - risos). Então falar de política
(e olha que tem assunto hein?)... Falar de religião ou expor nossas ideias a
respeito desses assuntos é bem tranquilo, até por que são assuntos que são
comuns entre nós da banda e as ideias fluem muito bem por isso.
Como
“Fight For Freedom” tem sido recebido tanto pelo público como pela crítica?
Houve algum feedback também do exterior?
Thiago:
Até agora as resenhas estão falando bem do nosso trabalho, o que nos deixa
muito contentes e com a sensação de dever cumprido. Claro que sempre há o que
melhorar. O “Fight For Freedom” é um material feito no underground por pessoas
do underground, acho que não foi necessário ir p gringa para gravar e falar que
foi masterizado lá na ‘PQP’, não! As coisas no underground são mais na raça,
tipo no ‘do it yourself’ (Faça você mesmo) mesmo saca? E isso nos dá muito
orgulho e isso reflete o feedback positivo que estamos tendo até agora. No
exterior confesso que não sei como está saindo, sabemos que o material está
rodando aos quatro cantos desse mundão e espero que os gringos estejam curtindo
nosso trabalho!
O
Metal tem se mostrado cada vez mais versátil e muito prolífico ao menos no
underground, incluindo trazendo bandas como o Evil Sense, que resgata as raízes
do estilo. Como vocês vêm o atual momento da cena e como enxergam o futuro da
mesma?
Thiago:
Cara, é espantoso ver como tem bandas boas pra caralho no underground... Tem
muita banda boa, de verdade. Uma pena não terem o devido reconhecimento. As
bandas do ‘mainstream’ foram aquelas que nos influenciaram, foram e ainda são
nossa escola, mas porra, as bandas do underground certamente podem ter o mesmo
efeito para a molecada que está iniciando no underground. E para isso
acontecer, eu creio que falta uma pouco mais de atitude por parte do publico
(sair um pouco da frente do computador e ver ao vivo como realmente a cena
funciona). Daí sim, vejo um futuro promissor para aquelas bandas que resistem e
persistem na cena, resistem e persistem porque fazem aquilo que amam fazer:
Metal! Então headbangers, vá aos shows, adquira material das bandas, apoiem a
cena! Costumamos dizer que o Metal é pior que barata: não morre nem com
irradiação nuclear (risos), por isso estamos aí. Entra moda e sai moda, mas o Metal
continua firme e forte! E que assim seja!
Por
fim, quais os planos da banda pra esse fim de ano e 2018? Há algo que possam
nos adiantar?
Thiago:
Temos mais alguns shows marcados para o final deste ano e o que restar vamos
tirar um tempo para tirar uma folga e também ir tendo ideias para o próximo
play. Os planos para 2018 são os shows para continuar a divulgação do nosso
trabalho e em paralelo trabalhar em material novo, que inclusive já temos boas
ideias para o próximo play. O que podemos adiantar é que viremos com mais ‘sangue
nos zóio’ e que as novas composições estão vindo com uma dose cavalar de
brutalidade!
Muito
obrigado pela entrevista. Podem deixar uma mensagem aos leitores.
Thiago:
Cara, nos é que agradecemos pelo espaço para contar um pouco sobre o Evil
Sense. É de suma importância para as bandas e também para o público terem esse
espaço para divulgar seu trabalho e para que a galera tenha oportunidade
conhecer novas bandas! Do caralho! Headbangers! Vamos manter essa chama do
Metal sempre acesa e vamos prestigiar os eventos underground, do menor ao maior
evento, não importa! Somos nós que fazemos essa ‘bagaça’ acontecer! ‘Keeping
Thrashing’! E nos vemos na estrada motherfuckers!!!
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