quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

As mortes e músicas que nos tocam



No dia 15 de abril de 2001, quando Joey Ramone passou pro lado de lá foi o dia que senti pela primeira vez a ‘ida’ de um ídolo. Adolescente ainda que eu era (tinha 18 anos), não fiquei muito chocado, mas foi a primeira vez que fiquei um tanto reflexivo sobre ídolos no Rock / Metal. Perdido, ouvi Ramones por dias, banda que sempre primei e que enfiei a discografia no reto por motivos infantis, como por exemplo, a ficar ‘true’ (ou ‘tr00’, e preferirem) e só gostar de Black Metal e Death Metal por um tempo.

A segunda vez que perdi um ídolo na música foi sentido realmente como se fosse alguém da família. 16 de maio de 2010, num domingo, minha irmã me informa que Ronnie James Dio havia perdido sua luta contra o câncer. Um domingo à noite. Só olhei pra ela e me tranquei no quarto e chorei. Durante a semana seguinte nem conseguia ouvir Black Sabbath, Rainbow ou Dio. Perdi meu pai no Rock / Metal, praticamente.

Dali em diante, toda vez que falecera um músico que admirava era um martírio. E não foram poucos. Frank Watkins (Obituary), Chuck Schuldiner (Death), Paul Baloff (Exodus), Peter Steele (Type O Negative), Johnny Ramone, Dee Dee Ramone, Helcio Aguirra (Golpe de Estado), Dimebag Darrel (Pantera), David Bowie, Cornelius Lucifer (Made in Brazil), Cherry (Nervochaos, Hellsakura)... Muitos, nem me lembro de todos agora, mas foram os que morreram durante essa minha geração no Rock / Metal. Os dias ficavam mais silenciosos... Lemmy Kimilster. O que dizer? Parecia durar pra sempre. Estes dias, mais precisamente foi-se Malcom Young, o fundador e principal compositor do AC/DC. Onde isso vai parar? Chris Cornell, Chester Bennington...



Malcom nunca quis ser a estrela principal, tanto que ele mesmo inventou o personagem de Angus Young, seu irmão maluco que até os dias de hoje entra elétrico nos palcos. E eu fiquei triste, mais uma vez, mas chorei, como não chorava desde o Dio. Este post parece oportuno, mas triste como estava com a morte de Malcom Young, enquanto o escrevia recebi a notícia da morte de Warrel Dane, fundador e cantor das clássicas bandas Nevermore e Sanctuary. Antes havia recebido a nota de falecimento de Cherry Taketani, que estava no Nervochaos e mantinha seu projeto Hellsakura. Esta batalhadora do underground, ex-Okotô, tive o prazer de conhecer pessoalmente. O que só ajudou a piorar esses tempos difíceis de perdas inexplicáveis.

Não há muito como explicar como nós, fãs de Rock / Metal, nos sentimos com essas perdas, já que muitos nos julgam por supervalorizar a relação com nossos ídolos na música. Então, num momento de muita emoção, consegui definir mais ou menos assim: "...Fico muito triste quando morrem músicos que admiro, mais que alguns conhecidos às vezes e, se me pedem explicações, eu digo rápido, essas pessoas são mais próximas da alma da gente por nos proporcionarem prazer e alegria com sua arte, mais que muita gente que conhecemos pessoalmente (até parentes) e que não nos dão a mínima."

Mas, não há fim no Rock e suas vertentes sabe por quê? Porque depende de você, que realmente ama o estilo, manter a chama acesa e enquanto você ouvir a música, ela irá tocar.


*Vitor Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Acredita que a morte é a salvação, por isso é contra a pena de morte.

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