(2017
– Nacional)
Independente
As vezes a gente não
consegue entender o cenário nacional, principalmente quando recebe e ouve um
trabalho igual este dos fluminenses do Trieb. Afinal, como uma obra dessa não
teve ainda mais repercussão do que merece? Estaria o ‘headbanger’ brasileiro
interessado em coisas novas?
E quando digo coisas
novas, não quero dizer ‘moderna’ e/ou fórmula atual. Até porque o quarteto de
Niterói/RJ investe em algo épico, uma mescla tradicional entre o Heavy Metal e
o Doom Metal, este último com mais foco em seus primórdios e nos moldes mais
oitentistas.
“Deserto” é o primeiro
disco da banda e prima pelo equilíbrio nos estilos citados. A banda não
economiza no tempo e em faixas longas, consegue explorar tudo que pode, mas
atinge o mais importante: não cansa o ouvinte. Tudo devido a uma variação
rítmicas de dar gosto, arranjos belíssimos e climas épicos de arrepiar. Tudo
mantendo os pés no chão, sem exageros (com exceção das longas composições, mas
aqui é um detalhe).
Instrumental variado, com
guitarras bem impostas, que se utilizam da dose certa de melodia (sem contar os
bons timbres). A cozinha mantém as alternâncias de ritmos, aliando no peso e
ditando as variações da banda, sem se preocupar demais com técnica, soando
inclusive simples nos momentos que precisam.
Tudo com bons arranjos de
teclados, bem encaixados, que servem como um auxilio, surgem quando
necessários. Tudo com linhas vocais excelentes, bebendo na escola dos mestres
Warrel Dane (Nevermore, Sanctuary) e Messiah Marcolin (ex-Candlemass, Memento
Mori), porém com uma versatilidade que segue toda a banda. Impressiona as
transgreções do agressivo para momentos mais limpos, outros falados e até leves
guturais.
As temáticas vão em cima
de várias mitologias, desde Carcosa até Sodoma
(uma das melhores composições), mas com um ápice interessantíssimo na faixa Devil Blows the Desert Winds, que honra
o homem sertanejo com analogias impressionantes da história da humanidade, uma
obra prima de 26 minutos que passa voando (pode acreditar). Isso tem que ser
ouvido.
9,0
Vitor
Franceschini
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