terça-feira, 20 de junho de 2017

Sanctuary – “Inception”

(2017 – Nacional)
                                 
Hellion Records

Oriundo de Seattle, o Sanctuary sem dúvidas é um dos grupos que mais sofreram com o surgimento e ascensão do Grunge na década de 90, afinal de contas, a banda viveu a cena dos ‘camisas de flanela’ de perto e viu adeptos, e até músicos, serem levados por esse então novo furacão sonoro.

Com certeza a banda teria sido ao menos melhor sucedida caso seguisse seu rumo, tanto que das cinzas do Sanctuary surgiu o Nevermore, que alcançou um sucesso considerável entre a segunda metade dos anos 90 e os dez primeiros anos de 2000. Lembrando que Warrel Dane (vocal) e Jim Sheppard (guitarra), além de Jeff Loomis que tocou ao vivo na banda, são (foram) também do Sanctuary.

Este novo trabalho é uma compilação diferenciada, pois traz demos da banda gravadas em 1986 e conta com desde músicas inéditas até clássicos e suas versões originais, ainda em processo de aperfeiçoamento. Mas quem pensa que o negócio aqui soa rústico se engana.

Houve um processo de masterização, restauração, reparação e de mixagem primoroso, talvez até mágico, por conta de Zeuss (Queensryche, Hatebreed) – que ainda explica um pouco do ‘trampo’ no encarte do CD. A qualidade de recuperação é tamanha, que parece um disco novo da banda e não deve muito ao inédito “The Year the Sun Died”, que saiu em 2014, marcando o retorno da banda aos estúdios.

Toda gana no então Thrash/Speed Metal que banda emanava estão nas composições, mostrando o grande diferencial na técnica de seus músicos, que esbanjam talento e criatividade em composições impetuosas, além de estruturas que iam muito além de seu tempo.

O trabalho de guitarras era tão pesado e moderno que soa atemporal até os dias de hoje, tendo na cozinha um peso e linhas agressivas que ajudavam a moldar ainda mais o estilo da banda. Warrel Dane, famoso no Nevermore pelos seus autênticos vocais, aqui já mostrava que seria um dos melhores da história, mas seguindo uma linha mais agressiva e com agudos estonteantes, porém equilibrados.

Faixas inéditas como Dream of The Incubus e I Am Insane, mostra a banda com uma proposta até mais melódica, mas com uma agressividade elevada. Mas da gosto mesmo de ouvir clássicos como Die For My Sins (que música é essa!?), Soldiers of Steel e Veil of Disguise, provando ser boas tanto na sua criação, quanto em seu aperfeiçoamento. “Inception” ainda traz um encarte com fotos e uma mini-biografia da banda, isto é, um trabalho essencial.


9,5

Vitor Franceschini


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