Por Adalberto Belgamo
Estava aqui tranquilo
ouvindo um CD ao vivo do Leonard Cohen. De repente, a cabeça “quarentena”
trouxe a seguinte indagação: o que acontecerão com shows e festivais após a
retomada e/ou flexibilização das atividades do dia a dia pós-pandemia?
Posso estar enganado (não
sou da área), mas uma vacina e um tratamento eficazes para a Covid19 estão bem
distantes. Oxalá, em países onde a ciência é respeitada e incentivada (o que
não é o caso do país com 30% de genocidas e psicopatas), uma das opções possa
ser encontrada no mais breve espaço de tempo. No entanto, até algo concreto e testado
cientificamente aparecer, melhor ficar em casa.
E como bandas e fãs de
música sobreviverão? E qual o tipo de relação se estabelecerá entre os dois?
Primeiramente, fazendo-se
um contraponto superficial com outros tipos de arte (cinema, literatura,
pintura, etc.), uma banda de Rock/Metal (gêneros e subgêneros) depende muito do
público e vice e versa. Uma exposição em um museu (ou galeria) pode ser uma
experiência individual. Cinema? Ninguém precisa estar em uma sala de projeção
para assistir a uma obra. Livros? Individual também. Infelizmente, a amálgama
energética entre público e banda não é a mesma em frente a um aparelho de TV ou
telão. Quem costuma ir a shows (pequenos, médios e grandes) sabe do que estou
falando. Alguém pode ter a melhor tela, o melhor som e comprar as melhores
“brejas”, mas sozinho - apesar de ser uma experiência diferente, lógico (risos)
- o clima não é o mesmo. Não há a interação.
E agora, o que fazer?
As “lives” estão na moda.
A única, que assisti até o final, foi a do The Real McKenzies, uma banda
canadense que mistura Punk/Hardcore. Desconforto meu e da banda (risos). Que
coisa sem graça. No momento em que abrem a câmera e mostram o local por
inteiro, surge uma mistura de tristeza e constrangimento. Dizem que as feitas
em casa sem produção alguma - acústicas, muitas vezes - são melhores. Não
encontrei paciência para acompanha-las (risos). Há também o aspecto financeiro
em questão. Bandas ou artistas renomados recebem patrocínios “volumosos”. Os
pequenos (o underground), como já
observamos em shows ao vivo, pagam para tocar. Sim crianças e
“crianços”, o descaso do público e a força do mercado e grandes gravadoras
ditam as regras de sobrevivência única e exclusivamente da arte em geral,
infelizmente.
Tentaram um tipo de drive-in
em alguns países da Europa. Mais constrangimento (risos). Um palco enorme com
músicos lamentando - internamente - na roubada em que se meteram (risos).
Vamos fazer um jogo de
futurologia?
Mesmo após o “libera
geral” (risos) para a volta do convívio social com uma solução meia-boca para
tratamento e prevenção, você, caro leitor, arriscar-se-ia enfrentar uma
multidão em um festival ou o aperto naquele bar bacana, no qual suas bandas
preferidas se apresentavam antes do “coronga”? Onde entrariam as questões
relativas a ser um possível vetor, na ida ou na volta do “rolê?
Inté!
*Adalberto Belgamo é
professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do
Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e
seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.
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