terça-feira, 12 de maio de 2020

In Lo(u)co: E Agora?


 
Arte Por: Orlando ‘Mexifunk’ Arocena

Por Adalberto Belgamo
 

Estava aqui tranquilo ouvindo um CD ao vivo do Leonard Cohen. De repente, a cabeça “quarentena” trouxe a seguinte indagação: o que acontecerão com shows e festivais após a retomada e/ou flexibilização das atividades do dia a dia pós-pandemia?

Posso estar enganado (não sou da área), mas uma vacina e um tratamento eficazes para a Covid19 estão bem distantes. Oxalá, em países onde a ciência é respeitada e incentivada (o que não é o caso do país com 30% de genocidas e psicopatas), uma das opções possa ser encontrada no mais breve espaço de tempo. No entanto, até algo concreto e testado cientificamente aparecer, melhor ficar em casa.

E como bandas e fãs de música sobreviverão? E qual o tipo de relação se estabelecerá entre os dois?

Primeiramente, fazendo-se um contraponto superficial com outros tipos de arte (cinema, literatura, pintura, etc.), uma banda de Rock/Metal (gêneros e subgêneros) depende muito do público e vice e versa. Uma exposição em um museu (ou galeria) pode ser uma experiência individual. Cinema? Ninguém precisa estar em uma sala de projeção para assistir a uma obra. Livros? Individual também. Infelizmente, a amálgama energética entre público e banda não é a mesma em frente a um aparelho de TV ou telão. Quem costuma ir a shows (pequenos, médios e grandes) sabe do que estou falando. Alguém pode ter a melhor tela, o melhor som e comprar as melhores “brejas”, mas sozinho - apesar de ser uma experiência diferente, lógico (risos) - o clima não é o mesmo. Não há a interação.

E agora, o que fazer?

As “lives” estão na moda. A única, que assisti até o final, foi a do The Real McKenzies, uma banda canadense que mistura Punk/Hardcore. Desconforto meu e da banda (risos). Que coisa sem graça. No momento em que abrem a câmera e mostram o local por inteiro, surge uma mistura de tristeza e constrangimento. Dizem que as feitas em casa sem produção alguma - acústicas, muitas vezes - são melhores. Não encontrei paciência para acompanha-las (risos). Há também o aspecto financeiro em questão. Bandas ou artistas renomados recebem patrocínios “volumosos”. Os pequenos (o underground), como já  observamos em shows ao vivo, pagam para tocar. Sim crianças e “crianços”, o descaso do público e a força do mercado e grandes gravadoras ditam as regras de sobrevivência única e exclusivamente da arte em geral, infelizmente.

Tentaram um tipo de drive-in em alguns países da Europa. Mais constrangimento (risos). Um palco enorme com músicos lamentando - internamente - na roubada em que se meteram (risos).

Vamos fazer um jogo de futurologia?
Mesmo após o “libera geral” (risos) para a volta do convívio social com uma solução meia-boca para tratamento e prevenção, você, caro leitor, arriscar-se-ia enfrentar uma multidão em um festival ou o aperto naquele bar bacana, no qual suas bandas preferidas se apresentavam antes do “coronga”? Onde entrariam as questões relativas a ser um possível vetor, na ida ou na volta do “rolê?

Inté!

*Adalberto Belgamo é professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.

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